segunda-feira, junho 28, 2004

E vai rolar o FETSA, vai rolar...

Nada como um título pândego para falar de um festival que por si só já é risível.
Senhores, bem-vindos ao universo do 1º FETSA - Festival de Teatro Santo Agostinho.

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28/06 - Segunda-feira

NARRADOR - E vamos contar a história de uma rainha que se chamava Psi..Psi..Psi...o quê?
CORO - Psiquê!!!!(*)

(*) Por CORO, entenda-se um grupo de quatro garotas, vestidas em túnicas de TNT preto arrastando no chão e que por isso mesmo precisavam ser erguidas com as mãos a cada passo que elas tentavam dar, gritando com suas vozes absurdamente agudas num jogralzinho digno de Homenagem da Pré-Escola no Dia das Mães.
Alguém esperava algo além de uma peça chamada Eros uma Vez Psiquê ??? Pândegos até o fim da vida.
Surpreendente mesmo foi descobrir que a Vovó Mafalda é uma das juradas. Eu digo, a personagem.

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29/06 - Terça-feira

Infelizmente, para o Rafael, não pude conferir o espetáculo de hoje, pois estava ensaiando. Não tão infelizmente assim, porque o garoto ao menos pode compensar algumas horas de sono atrasadas. Acredito que ele só acordou na propaganda de DAN TOP e nos gritos de gostosa assim que a atriz entrou. Eu não faria diferente. Afinal, convenhamos, eram " três esquetes cômicas, três comédias curtas e ligeiras, em diferentes estilos, sobre o tema encurralamento". Puxa, alguém além do Wolf Maia ainda monta esquetes cômicas. Resta saber se alguém sabe fazer isso com um mínimo de qualidade.

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30/06 - Quarta-feira

Pegue uma música conhecida. Digamos que seja Faroeste Caboclo. Aquela da Legião que
você, como bom adolescente ridículo, já deve ter cantado milhões de vezes.
Divida-a em partes. Digamos que cada dois versos compõem uma parte. Teremos muitas
partes, tendo em vista que a música tem nove minutos e nenhum refrão.
Crie uma cena para cada uma dessas partes. Você pode fazer associações bizarras, do tipo
tocar a música do Café Seleto em referência a
lá chegando foi tomar um cafezinho e
encontrou um boiadeiro com quem foi falar
.
Não ligue para a compreensão que as pessoas terão de sua história, não se importe com a
quantidade de clichês em sua encenação e, acima de tudo, seja pândego. Você pode buscar o extremo da pandeguice, colocando uma cena de estupro de Santo Cristo enquanto os atores cantam " quero ver você não chorar, não olhar pra trás nem se arrepender do que faz".
Judie do público. Sempre que eles acharem que você está chegando ao fim da música, volte alguns versos ou repita a cena do duelo final. A cada cinco minutos, mude a luz para que seus atores risquem a cara com batom. Finalize com Ave Maria, um discurso político e o Hino Nacional.
Pronto. Apresente-se no FETSA e você ainda vai ouvir a Vovó Mafalda dizer que seu trabalho está entre a vanguarda e o experimental.

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01/07 - Quinta-feira

Confesso. Deu medo. Achei que seria humilhada, cuspida e chamada de vagabunda. Fui preparada pra rodar a baiana e bater nas crianças. Mas até que o povo gostou. Inclusive a Vovó Mafalda disse que sou uma grande atriz. Fomos comparados até a Bergman e Denise Stoklos. Convencemos tanto como um casal em cena que até acharam que éramos mesmo casados(*). Somos o mais avançado em matéria de experimentalismo. Projetamos nossa voz divinamente, nosso espetáculo é coeso, nossa parte técnica atua muito bem, nossa dramaturgia é ótima, nossa iluminação é linda, nossa experiência é única, nossa comunicação é exemplar, nossa sincronia é excepcional, não temos defeitos, e minha bochecha está com cãibra de tanto sorriso amarelo pra esses jurados sem-noção que certamente não entendem muito de teatro contemporâneo. Talvez nem de teatro moderno. Talvez eles tenham parado em Shakespeare. Ou Eurípedes.
Ah, dane-se. Foi divertido! E agora, eu vou fazer compressas de gelo no joelho e dormir.
Feliz e alimentada, porque meu "regime de urgência" acabou. E eu acho que já perdi os dois quilos. Parabumbumtchi!

(*) Jesus, me ajuda! Tira esse espinho do meu coração!

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02/07 - Sexta-feira

Eu preciso parar de julgar as pessoas pela aparência. Quando vi o diretor da peça de hoje, na reunião, há um mês, achei que ele parecia sensato. Achei até que a peça poderia ser boa. Afinal, golpe de 64, é um tema até interessante, e quem sabe se...
Pois toda a ilusão se dissolveu quando o dito cujo entrou em cena recitando poesias e
ilustrando tudo com as mãos. Canastra? Imagina...
Atores péssimos, história ridícula, clichês, clichês, clichês, e tudo que eu conseguia pensar era: o que eu estou fazendo aqui?
Orgulho mesmo deu da minha mãe vasculhando a bolsa atrás de chiclete pra não dormir.
E enquanto isso, no palco, o cara entrava vestido de anjo, ao som de Enya, e resgatava o jovem morto na ditadura, com direito a saída pelo público e pétalas de rosas caindo do alto.
E minha mãe dizia: " A gente reclama, Fe, mas e quem pagou, hein? " .
E o cara entrava de sunga branca, cheio de groselha, e ficava falando sobre a morte, e bábábá.
E eu pedia desculpas à minha mãe por obrigá-la a passar por aquilo.
E músicas e mais músicas tocando. Elis, Chico, Milton... e aquelas múmias fingindo que sabiam o que estavam dizendo.
Torci para que acabasse. Mas o fim foi o mais terrível.
Os caras levantaram uma faixa: ABAIXO A NOVA DITADURA. DIGA NÃO ÀS DROGAS E AO CRIME ORGANIZADO.
Ai de mim!

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Sim, hoje eu pude comprovar: Fernanda Gama fez a alegria dos adolescentes na noite de quinta-feira. Putaquepariu!!!

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Pessoas, o teatro morreu. O velório será no domingo, as 18h, com apresentação do Ronaldo Ciambroni. Uma pena, não poderei ir. Mas estarei no enterro, as 19:30h, em cerimônia apresentada por Vovó Mafalda, na qual serão entregues prêmios aos assassinos. Eu vendi minha alma ao FETSA. E Baco me cobrará caro por isso.



sexta-feira, junho 25, 2004

A massa nos ama !!!

O quê? Você ainda não viu? E está esperando o quê?

AMOR:URGÊNCIA EMOCIONAL
com Fernanda Gama e Gerson Regé
Direção de Rafael Truffaut

" É uma peça. É uma peça pronta " - Janô, descobridor.

" Você melhorou, hein, rapaz? " - Armando Sérgio, sincero.

" Porque, Rafael, você, como diretor, tem fio-terra. Tem gente aqui no departamento que não tem, mas você tem, entende? " - Karen Müller, pândega.

" Eu não sei o que ele fez, mas ficou bom " - Armando Sérgio, desconhecedor dos
princípios que realmente são úteis para a interpretação.

" Ai, bárbaro! Me ensina? " - Silvia Fernandes, doce. Ela ainda não viu, mas certamente diria isso.

" Acho que você deveria tirar a calcinha " - Gustavo Viggiano, ogro.

" Óóóóóóóóóóótimo!Ótimo! " - Patricia Leonardelli, coruja.

" Porque, eu li que um vezes um é um, então você vai ficar sempre sozinho, entende?" - Karen Müller, inovadora.

" Fernandaaaa! Você é lésbica? Qué ficar comigo? Posso pegá no seus peito? " - Adriana, louca.

" Fernanda, você é atriz. Não que você não tenha que trabalhar. Você tem que trabalhar mais que todo mundo. Mas você é atriz!" - Zebba, estranho.

" Porque tem uma coisa mítica, trágica, técnica, e ao mesmo tempo com coração que eu gosto muito " - Paco Abreu, desgrenhado.

" O operador de luz é lindo! " - Biagi, apaixonada.

" Todo o resto é horrível, joga isso fora, mas você ta ótima, Fe " - Phabulo, falso.

" Porque você tem uma tranquilidade em cena muito legal " - Leo, iludido.

" Adorei, só não gostei daquela parte de ' Segura minha buceta como um pai segura a mão de uma filha ', que horror... " - Amiga do Rafa, puritana.

" Claro que eu vou, vou sim, com certeza " - Muitos, mentirosos.

Confira e dê a sua opinião...

AMOR: URGÊNCIA EMOCIONAL
QUINTA-FEIRA, 01 DE JULHO DE 2004, AS 20H
No I Festival de Teatro Santo Agostinho
Rua Apeninos, 118, Liberdade, (muito) próximo ao Metrô Vergueiro
Ingressos antecipados ( aqueles que o dinheiro vem pra mim) R$ 5,00
Ingressos na bilheteria ( aqueles que o dinheiro vai pra eles) R$ 8,00

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E semana que vem, não percam: todas as tosquices que certamente vão acontecer no Festival estarão publicadas aqui, no Imatura, sim. E pândega, graças a Deus!

segunda-feira, junho 21, 2004

F5

Churrasqueira quente. Água gelada.
Churrasqueira quente. Vento gelado.
Churrasqueira quente. Noite gelada.
Garganta inflamada. Ninguém merece.

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Redescobri a torradinha, experimentei as novidades do iogurte desnatado, fiz as pazes com o peixe e briguei com o chocolate. É, amigo, eu tô de regime.

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Eu devo ter algum tipo de fixação por pegar ônibus errado. Algum desejo inconsciente, algo a ver com um espírito aventureiro adormecido, sei lá.

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E como assim a Dori não ganhou o prêmio de Melhor Comediante no MTV Movia Awards 2004??? Que mentira! Ela certamente era a mais talentosa...

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Vergonha?
Vergonha é pensar na maldade e não poder publicar...

sábado, junho 19, 2004

Pessoas maduras não sofrem de Amor

Elas não passam seus dias chorando ou imaginando como poderia ter sido.
Ligo ou não ligo? Falo ou não falo? Oh, senhores, esse tipo de pensamento inseguro não circula em cabeças maduras. Elas controlam seus próprios sentimentos.
Se o relacionamento maduro acaba, ele simplesmente acaba. Elas partem pra outro sem rancor, medo, lágrimas ou trauma. Simples assim. Não vão sentir saudades do ex-amor, nem imaginar coisas a respeito. Nem ouvir música de fossa por semanas a fio. Elas sabem que o relacionamento deu o que tinha que dar. Que não poderia ser de outro maneira.
E são pacientes. Ah, paciência é uma virtude madura. São capazes de esperar anos pela chegada de um novo amor, sem ansiedade, sem sofrimento nem solidão. Sem sequer imaginar como ele será e quando chegará. Essa coisa de carência não existe. Eles sabem que serão felizes, e não dependem de ninguém pra isso. Seguros de si, sabem exatamente de tudo aquilo que são capazes. Não há dúvidas, não há porquês, não há cobrança, não se espera demais do outro.
Por isso mesmo que nenhum ser humano maduro sente ciúmes. Porque ciúmes é insegurança. Porque isso de cara-metade, isso de sonhar, de sentir frio no estômago e coração descompassado quando o vê, de ficar trocando juras de amor, cartinhas ridículas, poemas, flores, bombons, chorar de saudade, bah... isso é coisa de criança!
O tempo passou, a pessoa mudou, coisas aconteceram, a vida seguiu outro rumo? Paciência. Maduro que é maduro não sofre de Amor. Se todo problema do mundo fosse esse... maduros tem mais com que se ocupar.
Pois eu me ocupo da minha felicidade. E por vezes, da ausência dela. Eu sou egoísta o suficiente pra querer ser amada. E por isso eu montei a peça mais imatura do ano:

AMOR:URGÊNCIA EMOCIONAL
No I Festival de Teatro Santo Agostinho
R. Apeninos, 118, Liberdade, (muito) próximo ao Metrô Vergueiro
Quinta, 01 de julho, 20h
Reserve logo seu ingresso ( por R$5,00 ) comigo.
Na bilheteria é mais caro. Quem avisa, amigo imaturo é.

Por que, Deus, por que você faz isso comigo sempre?

Deus, você não precisa voltar atrás, você não precisa me consolar, eu só quero que você me explique. Por que, Deus? Por que você faz isso comigo? Tem tanto homem no mundo, porque você só coloca os paranóicos na minha vida? É algo que eu tenho que pagar? Alguma dívida? Me fala, eu juro que eu faço o possível para reparar. Mas, por favor, NUNCA mais coloque um carente psicótico na minha frente. Eu não aguento mais me sentir um bichinho de estimação nas mãos da Felícia. Será que eu não mereço conhecer uma pessoa que não seja de Touro e que não me olhe com cara de bobo? Por que, meu Deus? Com os chatos eu até já me acostumei, mas alguém que fez três anos de terapia porque costumava se apegar fácil demais às pessoas, isso já é um pouco demais. Ninguém merece, meu Senhor. Alguém que diz " Eu gosto muito de você, você gosta de mim ?" no mesmo dia em que você o conhece, não merecia andar solto nas ruas. E " Você nem imaginava que eu era um cara assim tão carinhoso, né ? " não era mesmo o que eu precisava ouvir nesta noite de sexta. O que eu faço? Me tranco em casa e só saio no dia do Juízo? E se for assim, você promete que me manda prum lugar distante dos Homens que Amam Demais Anônimos? Pode ser qualquer lugar, Pai do Céu, qualquer lugar, me deixe arder no fogo do Inferno, mas, por favor, afaste de mim a carência masculina excessiva!!!!!

sexta-feira, junho 18, 2004

Aquele garoto que ia mudar o mundo...

Daniel de Oliveira atua como nunca! Marieta dá um show como sempre! E Leandra Leal, de boa, tem que reencarnar ainda umas duas vezes pra conseguir ter a voz da Bebel Gilberto...
Pois Cazuza - O Tempo não Pára é muito bom! É foda. É muito foda. Só porque o Cazuza é muito foda. O cara tinha a mais importante de todas as vontades: a de viver. Ele não tinha medo, ele arriscava, vencia dificuldades, desafios, ele tava pouco se fudendo se errava, tava pouco se fudendo pra todos,batia de frente, se fosse preciso. e isso porque ele teve coragem de assumir coisas que muitos de nós nunca assumimos. O cara era imaturo até não poder mais, defendia suas opiniões, e se mudava constantemente, nunca se arrependia. Esse cara sabia ser ele mesmo. E não me importa aqui o que ele defendia, se era certo ou errado, se ele enchia a cara, se cheirava ou fumava maconha como um condenado ou se catava todas as menininhas e menininhos do Rio de Janeiro. Eu só digo que o cara era feliz porque não sabia o que era o medo. E de repente o cara pegou AIDS, e passou a ter. Medo de viver, medo de morrer, mania de perfeição. Ele que nem sabia o que era tristeza, de repente ficou maduro. De uma hora pra outra, veio a podridão, a doença.
E dói pensar que as pessoas disseram: " É, era bêbado, drogado, homossexual, foi ele quem procurou ". Dói mais pensar que uma dessas pessoas era eu.
Eu já pensei muita merda nessa minha vida e já julguei muita gente. Eu já fui careta demais, já fui chata, e não que hoje eu não seja, mas de repente eu percebi que no mundo ninguém presta. Se a felicidade fosse só pros bons, tava todo mundo na merda. Bom, no fundo estamos todos na merda mesmo.
Eu passei a minha adolescência toda ouvindo sobre causas e efeitos. Sobre ações e reações. Conseqüências e bábábá. Eu concordo. A gente sempre faz nosso caminho na vida, dependendo do que a vida dá, mas dependendo mais do que a gente dá pela vida. Só que me incomoda a frieza com que se vê tudo isso. O cara tá lá sofrendo, e você ainda tem a moral de pensar: " Teve o que mereceu. O semeadura é livre, e a colheita, obrigatória ". Colheita é o caralho! Você por acaso sabe o que o cara passou? Sabe ´a dor e a delícia´ de ser o que ELE é? Sempre uma visão impessoal, sem compreensão, uma visão de cima. Uma visão de quem não erra. Que julga, coloca as pessoas em rótulos, e aí ninguém mais se emociona com o drama de ninguém.
Ninguém merece ser infeliz. Ninguém merece ter seus sonhos roubados, ninguém merece sofrer, nem ser julgado. Pois ele, ele viu os sonhos dele acabarem. Todos. De uma só vez. Ele viu a vida dele indo pro espaço, viu todas as chances sumirem, viu que tudo aquilo que ele gostava já não dava mais pra ele.
E eu penso no que você faz quando percebe que não pode ter nada daquilo que sempre te deixava feliz. Quando a única certeza que você tem é a de que tudo está perto do fim, mais do que você queria, ou esperava. O que você faz quando sua vida é tirada de você?
Pois ele não desistiu. Porque ele era foda demais.
Ele tinha força suficiente pra encarar a vida mesmo quando não tem mais o que ser mudado. E tinha amor à vida e ao palco suficiente pra fazer show mesmo quando tava morrendo.
E tem que ser muito macho pra encarar a vida de frente quando a vida dá as costas pra você. Uau, Cazuza teria muita vergonha desse clichê que eu acabei de escrever. Sinto muito, amigo, mas não tenho sua genialidade. Sempre fui sua fã pelas suas músicas, mas agora sou sua fã por você ser quem você é. E que você tenha piedade dessa gente careta e covarde como eu.

segunda-feira, junho 14, 2004

Do feriado

Alguém lembra o que é Corpus Christi além de uma data em que ninguém trabalha?

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Minha avó está cada vez mais imatura. Nesse feriado, ela declarou que quando faz canjica esconde um pouco do leite condensado pra comer sozinha depois. Ainda que a canjica fique sem açúcar. E o que mais se poderia esperar de alguém que transformou a raquete de frescobol da minha tia em tábua de carne? Sem o consentimento dela, óbvio. É um exemplo. Digo e repito: que mulher!

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Minha mãe está comprando a casa vizinha à da minha avó. Já está pensando em reformas, projetos, etc e tal. E já declarou que a suíte é dela, e os outros dois quartos ficam pra mim e pro meu irmão. Quem casar primeiro fica com o maior. Tudo bem, eu nem queria mesmo...

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Mais um 12 de junho se foi. E enquanto vocês, mundanos, trocaram presentes nesta data comercial, fizeram passeios românticos tornando suas vidas ociosas e entregaram-se ao sexo desregrado, pensando apenas em suas necessidades carnais e impregnando-se de fluidos negativos através de suas atitudes impensadas que serão cobradas de vocês mais tarde, eu fui ao centro de São Paulo e pratiquei o Bem. Ai, ai, como é bom ser uma pessoa evoluída...

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Pára tudo e deixa ver se entendi: a Xuxa tem o direito de carregar a tocha olímpica só porque já deu pro Pelé ???

sexta-feira, junho 11, 2004

Mas porque cargas d´água você resolveu criar esse maldito blog?

O Imatura, sim. E pândega, graças a Deus! está completando três meses. Sim, meus senhores, Deus foi bom conosco e vencemos a maldição!
Em comemoração, contarei neste momento a história que deu origem a este blog.
Ué...ué... ué... mas se deu origem por que ainda não está publicada?
Porque não! Porque do momento em que eu soube do fato e resolvi criar o blog ao momento em que eu aprendi a utilizá-lo, passaram-se ...digamos...alguns dias, e então eu acabei deixando de lado e guardei-a pra um momento especial. Um momento assim como hoje!
E depois, eu sei que vocês sempre quiseram saber por que motivo, razão ou circunstância eu resolvi perder meu tempo com isso...

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Estava eu às portas do Paraíso aguardando minha prima e o namorado me buscarem para que fôssemos todos juntos e felizes para a casa da minha avó. Acho que foi no Carnaval. Esperei, esperei, eles chegaram, entrei no carro e logo percebi que o pára-brisas estava um tanto quanto trincado. Olhei, nada disse.
- Você percebeu que o vidro está quebrado?
- Percebi, Vi, que aconteceu?
- Foi uma velhinha.
Imaginei uma Velha delinqüente quebrando o carro a guarda-chuvadas. Me pareceu pouco provável.
- Pois é, um dia estávamos dormindo, domingo de manhã, e o porteiro veio nos acordar desesperado.
- Viviane, acorda, pelamordedeus. O seu namorado tá aí? Ele que parou o carro aqui na rua de trás?
Imaginei uma Velha roubando o carro do Fernando. Me pareceu pouco provável.
- Fernaaaandoooo.
- Que é?
- Aquele carro ali atrás é o seu? A polícia quer falar com você.
Imaginei o Fernando seqüestrando uma Velha e a deixando trancada no porta-malas do carro. Me pareceu pouco provável.
- É que aconteceu um acidente.
Imaginei alguém roubando o carro e atropelando uma Velha. Me pareceu pouco provável.
- Que acidente?
- A Senhora do 71 se atirou da janela e caiu em cima do seu carro.
Não, eu nunca imaginei que uma Velha de 70 anos que morava com uma Tia Surda de 90 ia resolver se atirar da janela do seu apartamento, quicar no fio elétrico, quicar de novo no capô do carro do coitado e finalmente chegar ao chão.
E também não imaginei que ela só iria morrer algumas horas depois, no hospital, de hemorragia interna.
E menos ainda imaginei que o seguro do carro não cobre acidentes que envolvem suicídio. Sim, isso mesmo. Algo meio desenho do PicaPau. "Você não está assegurado se se atirar da janela do oitavo andar." Lembram? "Leia a última liiinnnhhhaaa." Não lembram? Maduros!!
- Putz, Vi. Que merda.
- Pior que a família ainda não pagou...nem sei se vão pagar.
- Mas, Vi... alguém avisou a Tia Surda?
Pois avisaram, a família foi até o prédio um dia e saiu carregando-a na cadeira de rodas. Minha prima ainda chegou ao extremo de deixar uma carta embaixo da porta para a família da Velha, dizendo que ela era estagiária, que pagava aluguel, que o namorado estava desempregado, que o conserto do carro ia ficar caro, etc. Mas eles ainda não tinham se manifestado até a última conversa que tive com ela. Na verdade eu não sei como a história acaba.
O melhor de tudo, acho, foi o comentário do meu tio ao saber da história:
- É. Mas o carro dele não tinha nada que estar lá embaixo...

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Imaginei que se eu criasse um blog, e publicasse histórias assim bizarras, seria legal. Me pareceu pouco provável. Mas depois da Velha Suicida de ótima mira, eu não pude duvidar de mais nada.

terça-feira, junho 08, 2004

Oração de São Francisco de Assis

A todas as vacas que se sacrificaram em nome de um ideal: a caridade!
In Memoriam

Senhor, fazei-me intrumento de vossa paz!
Onde houver carne, que eu leve um isopor,
Onde houver churrasqueira, que eu leve o carvão,
Onde houver churrasco, que eu não o ponha num pão,
Onde houver espetinho, que eu leve a farinha,
Onde houver Bixo, que eu leve a paciência,
Onde houver trabalhadores, que eu leve a cortesia,
Onde houver mesas, que eu faça o Delivery!
Senhor, fazei com que eu procure mais
Maltratar o Wander, do que ser maltratado.
Vender, do que a barraca ao lado tiver vendido.
Assar, do que ser assado.
Pois é entregando o espeto que uma ficha se recebe.
Embrulhando pra viagem que se esconde o espeto queimado e
Limpando a grelha que se vive para a vida eterna,
Mú!

domingo, junho 06, 2004

A segunda vez é ainda melhor

Ah, nada como empurrar um carro na subida às dez horas de uma gélida noite de sábado.
Ele continua suicidando-se. Ainda vai pagar por isso um dia.

sábado, junho 05, 2004

A primeira a gente nunca esquece

Hoje fiz minha primeira chupeta!
Ah, maldito Corsa velho filho da puta!!!
Só não mando você morrer porque é o que você mais faz!

quinta-feira, junho 03, 2004

Por que, Deus, por que você faz isso?

Como diria Karen Müller, " esse negócio de passar greve em casa de pijama não dá, entende?" . Pois eu, como uma boa pupila, resolvi aproveitar o período em que a USP está parada e assistir Minha Vida sem Mim lá no Shopping Gay Caneca.
Compro os ingressos, passo no mercado pra comprar uma bolachinha clássica, sento na minha poltroninha e aguardo o início do filme.
E eis que a criatura surge, subindo as escadas. Ele era meu número. Era meu número, na cor que eu queria, em liquidação, e eu ainda podia pagar em duas vezes sem juros no cartão. Ou seja, melhor impossível.
Me chamem de exagerada, mas tudo que minha mente conseguiu formular naquele momento foi: " Meu Deus, é o homem da minha vida! " E eu que nunca acreditei em amor à primeira vista.
- Senta do meu lado! Senta do meu lado! Senta do meu lado!
Ele sentou. Meu Deus, ele sentou! Pára tudo, ele sentou! Na mesma fileira, pulou umas
duas cadeiras, mas eu sei que foi só pra não ficar chato.
Como uma boa Mulher-Disney já fiquei pensando nos nomes dos nossos filhos. Mentira, não cheguei a tanto, mas o cara realmente me interessou. E eu pensei - Foi um sinal. Eu tinha que estar angustiada hoje, pra resolver vir ao cinema sozinha e encontrar com ele. Que homem!
E começam os traillers. Passa o primeiro, passa o segundo. Passa o símbolo da produtora. E antes que passe a primeira legenda ouve-se um sonoro SSHHHH pra que a tiazinha atrás de mim faça silêncio. E eu procuro de todas as maneiras acreditar que o SSSHHH não veio do meu lado direito.
Mas não deu. Ainda mais quando, depois de sei lá quanto tempo de filme e uns leves problemas com o pacote de bolachas ( admito, fiz barulho, mas não tinha abre-fácil e tava escuro, dêem um desconto! ) o 'Príncipe Encantado' me chama de lado e pede pra que eu faça menos barulho com minhas batatinhas, porque eu o estava incomodando. Respondi algo grosso e imbecil do tipo: Não são batatinhas, são bolachas!, e virei meus olhos pra tela bufando.
Afinal, estava provado. Era um Palhaço! Mais um. Nada muito novo, meu coração sempre foi um circo, mas é que essa doeu. Devia ter xingado. Devia ter colocado a mãe dele no meio. Mas não coloquei. E fiquei muito brava comigo por isso.
- Bom, já que não vou beijar, vou aproveitar pra brigar.
Amassei o pacotinho de bolacha pra jogar na minha sacolinha de lixo.
- Mas é uma sem-noção mesmo!
- Escuta, por que você não aluga o filme e assiste sozinho na sua casa? Já que você não sabe conviver com as pessoas e não tem um mínimo de tolerância...
- Isso aqui é um lugar público!
- Isso não me tira o direito de comer bolacha, se eu quiser!
- Ah, mocinha, volta pra sua jaula e fica lá sozinha...
- Ah, tenta ser feliz algum dia na vida...
E ele começou a resmungar coisas incompreensíveis. Ah, sim, eu não mencionei que ele ria
e fazia uns comentários consigo mesmo durante o filme, não é? Pois é. Ainda por cima psicótico.
Eu nem prestava mais atenção ao filme. Pensava coisas do tipo: será que sou eu que estou errada? Mas o lado bom dos Palhaços é que eles sempre se afundam sozinhos. E cinco minutos depois... sim, exatamente. Ele atendeu o celular. E conversou sei lá com quem por alguns segundos. E eu tive um acesso de riso. Devia ter jogado isso na cara dele, mas nem era preciso. O babaca deve ter percebido o papelão que causou. E saiu correndo assim que o filme acabou, antes que as luzes se acendessem, impedindo o meu tão sonhado embate final.
Agora, eu me pergunto: Por que, Deus? Por que você faz isso comigo? Por que me mostra o doce se depois vai tirar da minha boca? É um sinal, Senhor? Pra eu desistir de vez dos
homens, que são todos uns palhaços mesmo? Deus, eu já te disse que eu até queria, mas
não rola, eu não gosto de mulher. Não adianta tentar me covencer do contrário. Então, por que, Deus? Por quê?

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E essa situação toda me faz pensar que eu deveria ser mais mal-educada. Minha mãe fez o trabalho bem demais. Não abriu espaço pra que alguém me estragasse. Acabou com toda a minha rebeldia. Talvez se eu tivesse sido criada pela minha avó, em um apartamento em Campinas, e passasse a infância empinando pipa no ventilador e roubando mangas na fruteira, talvez assim eu fosse hoje uma mulher revolucionária, e seria mais fácil ir contra o sistema e mandar um sujeito desses tomar no cu sem me sentir uma suja. Mas dizer um CÚ, com a(ss)cento, assim bem redondo, de boca cheia, e depois assistir o filme tranqüilamente sem sentir minha bochechas arderem nem pensar no que a tiazinha da fileira de trás está pensando a meu respeito, algo do tipo 'Ai, como é feio mulher barraqueira!'
E talvez assim acabasse esse nó eterno na minha garganta . Das milhares de coisas que eu
deveria dizer e não digo. Mas penso. E pensar me tem feito muito mal. Vou parar com isso até segunda ordem.

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Ah, sim. O filme é bom. Benjamim, que eu fui ver no sábado, é legal também. Recomendo-os.