Sim, eu comprei uma balança de banheiro. Brega, tosca e barata como aquela que eu via na casa das minhas tias quando eu era pequena, e elas já eram bem mais velhas e bem mais gordas do que eu. Eu me lembro que naquela época eu pensava -Puxa, deve ser muito ruim ser adulto e gordo e ter que ter uma balança no banheiro pra não engordar mais.
Eu não me considero realmente adulta, não me considero realmente gorda, e consegui ser ridícula o suficiente pra ter uma balança de banheiro. Mas acho que vai ser uma boa maneira de eu parar com minha mania ridícula de ficar uma semana comendo alface pra depois passar a semana seguinte comendo chocolate até voltar a achar que estou gorda e passar mais uma semana só com alface.
Talvez se eu tivesse uma alimentação realmente saudável, se eu realmente cortasse a carne vermelha, se eu realmente parasse com doces e refrigerantes, se eu realmente frequentasse a academia religiosamente, não só eu conseguiria manter meu peso, como teria uma pele melhor e um organismo muito mais saudável, além de diminuir meus sintomas de TPM. Quem sabe eu até pararia com minhas crises de choro ao me olhar no espelho, e poderia voltar a acreditar que as roupas ficam bem em mim, que eu saio bem nas fotos, e etc?
Mulher é mesmo uma merda, não é? É comprovado que qualquer mulher larga qualquer outra coisa que esteja fazendo se aparece alguma outra mulher falando de novos métodos de emagrecimento, novos shampoos tonalizantes, novas coleções de inverno de alguma loja nova. Mulher é um bicho que olha tabelinha no rótulo dos produtos pra descobrir quantas calorias tem. O pior é que com a força do hábito outro dia me peguei lendo a composição de um produto de limpeza. Não me condene! Peguei a embalagem na mão e automaticamente o meu cérebro já se ocupou em verificar se tinha ou não gorduras saturadas...
E não, não, não é culpa da mídia, não é culpa da Gisele Bündchen, não é culpa do mercado que obriga as mulheres a terem medidas como as modelos de passarela, bla bla, bla. Eu não tenho problemas com a Gisele, eu tenho problemas comigo. Eu não quero ter o corpo dela, eu só quero voltar à minha fase magrinha. Isso significa perder os mesmos três quilos que todas as outras mulheres também querem perder. Porque mulher é também um bicho que nunca está satisfeito com nada.
Tudo isso pode ser unicamente reflexo de uma infância de gordinha em que as crianças apontavam seu dedos e riam quando me viam. E eu balançava os braços e fingia não ligar, ou então brigava com elas, ou então me controlava até conseguir o cantinho seguro da minha cama pra chorar. Agora que eu não tenho mais as crianças pra me lembrar dessas coisas, minha própria cabeça doentia se encarrega dessa função. E quando ela aponta pra mim e ri, eu tenho crises de não querer sair de casa por achar que todas as minhas roupas me fazem parecer um balão. Próximo passo: uma semana de alface e controlar o peso na balancinha de banheiro.
Pelo menos ainda não comecei a seguir os regimes da moda, e comer 5 ovos cozidos no café da manhã com meio copo de água morna com dez gotas de limão. Ou a dieta da Lua, do líquido, da proteína, essas coisas que as minhas tias curtem.
Acho que a vida é isso. Um eterno cuspir pra cima e sentir cair na testa.
O que me consola é que consegui comprar a balança pela bagatela de 33 reais e 20 centavos.
Eu não me considero realmente adulta, não me considero realmente gorda, e consegui ser ridícula o suficiente pra ter uma balança de banheiro. Mas acho que vai ser uma boa maneira de eu parar com minha mania ridícula de ficar uma semana comendo alface pra depois passar a semana seguinte comendo chocolate até voltar a achar que estou gorda e passar mais uma semana só com alface.
Talvez se eu tivesse uma alimentação realmente saudável, se eu realmente cortasse a carne vermelha, se eu realmente parasse com doces e refrigerantes, se eu realmente frequentasse a academia religiosamente, não só eu conseguiria manter meu peso, como teria uma pele melhor e um organismo muito mais saudável, além de diminuir meus sintomas de TPM. Quem sabe eu até pararia com minhas crises de choro ao me olhar no espelho, e poderia voltar a acreditar que as roupas ficam bem em mim, que eu saio bem nas fotos, e etc?
Mulher é mesmo uma merda, não é? É comprovado que qualquer mulher larga qualquer outra coisa que esteja fazendo se aparece alguma outra mulher falando de novos métodos de emagrecimento, novos shampoos tonalizantes, novas coleções de inverno de alguma loja nova. Mulher é um bicho que olha tabelinha no rótulo dos produtos pra descobrir quantas calorias tem. O pior é que com a força do hábito outro dia me peguei lendo a composição de um produto de limpeza. Não me condene! Peguei a embalagem na mão e automaticamente o meu cérebro já se ocupou em verificar se tinha ou não gorduras saturadas...
E não, não, não é culpa da mídia, não é culpa da Gisele Bündchen, não é culpa do mercado que obriga as mulheres a terem medidas como as modelos de passarela, bla bla, bla. Eu não tenho problemas com a Gisele, eu tenho problemas comigo. Eu não quero ter o corpo dela, eu só quero voltar à minha fase magrinha. Isso significa perder os mesmos três quilos que todas as outras mulheres também querem perder. Porque mulher é também um bicho que nunca está satisfeito com nada.
Tudo isso pode ser unicamente reflexo de uma infância de gordinha em que as crianças apontavam seu dedos e riam quando me viam. E eu balançava os braços e fingia não ligar, ou então brigava com elas, ou então me controlava até conseguir o cantinho seguro da minha cama pra chorar. Agora que eu não tenho mais as crianças pra me lembrar dessas coisas, minha própria cabeça doentia se encarrega dessa função. E quando ela aponta pra mim e ri, eu tenho crises de não querer sair de casa por achar que todas as minhas roupas me fazem parecer um balão. Próximo passo: uma semana de alface e controlar o peso na balancinha de banheiro.
Pelo menos ainda não comecei a seguir os regimes da moda, e comer 5 ovos cozidos no café da manhã com meio copo de água morna com dez gotas de limão. Ou a dieta da Lua, do líquido, da proteína, essas coisas que as minhas tias curtem.
Acho que a vida é isso. Um eterno cuspir pra cima e sentir cair na testa.
O que me consola é que consegui comprar a balança pela bagatela de 33 reais e 20 centavos.