quarta-feira, junho 29, 2005

O Surto

Eu preciso ir na ginecologista descobrir o que é esse maldito caroço no meu seio esquerdo. Eu não quero morrer de câncer. Eu preciso fazer limpeza de pele. Eu preciso ir na dermatologista. Eu não quero tomar Roacutan. Me disseram que a pílula ia melhorar minha acne. E minha TPM. E minha cólica. Era tudo mentira. Disseram que eu ia ser feliz na vida e era tudo uma grande, uma imensa mentira. Eu achei que ia ter férias e era tudo uma puta mentira, também. Não tenho tempo de fazer merda nenhuma na vida, tenho uma porra dum trabalho de Teoria pra entregar e fico aqui escrevendo nesse blog porque estou em crise. Eu sou uma péssima atriz que não é capaz de dar uma merda dum texto numa cena qualquer. Eu vou ser avaliada em Expressão Vocal VII por um espetáculo no qual eu não falo. Eu tô na merda do quarto ano e nao sei se aprendi tudo que deveria. Eu queria prestar EAD, mas eu sei que não vou passar. Eu sei que enqanto eu não começar uma terapia eu nunca vou conseguir me equilibrar e eu nunca começo. Eu preciso voltar a trabalhar no centro, mas os horários não batem com os meus. Eu bati a merda do tornozelo, e ele tá inchado, e eu não sei qual o meu problema, nem porque eu vivo me estourando em todos os ensaios que eu faço na vida, nem porque tenho tanta doença, nem porque minha amigdala vive inflamando, e nao sara, nunca, nunca, nunca. Eu não sirvo pra dar aula, eu não sei lidar com criança, eu não tenho didática, eu sou insegura, eu nunca sei o que dizer, nem o que sentir, nem o que fazer, eu tomo decisões das quais eu me arrependo. Eu achei que dessa vez podia dar certo, mas não está dando. Não vai dar certo, não vai dar certo nem dessa vez nem de nenhuma outra, e eu vou morrer sozinha num apartamento e meu corpo vai ser encontrado pelo zelador cinco dias depois quando o cheiro começar a ficar muito forte, isso se eu conseguir pagar um apartamento que tenha zelador, eu tô cansada, eu tô cansada de tudo, eu queria ir embora daqui, eu queria morar na Europa, eu queria ser feliz, eu queria fazer alguma coisa útil pra alguém, eu queria ser mais sincera, mais sincera comigo, mais sincera com os outros, eu queria saber falar de mim, eu queria saber dar um abraço no meu pai, eu queria ter controle sobre tudo que acontece, eu queria morar mais perto da civilização, eu queria ser mais afinada, eu queria ser mais alongada, eu queria ser mais bonita, eu queria não chorar nunca mais por me olhar no espelho, eu queria não ter acessos de raiva aparentemente sem motivo ou importância, eu tenho inveja de quem é melhor sucedido do que eu, eu tenho inveja das pessoas burras e felizes e que não se importam, eu queria entender de política, eu queria entender de filosofia, eu queria não digitar catando milho, eu queria falar inglês, eu queria falar espanhol, e francês, eu queria saber escrever poesia, eu queria ser alguém na vida, eu queria ter almoçado lasanha hoje, eu vou sair daqui e vou pra casa e vou devorar todo o pacote de ouro branco que eu comprei ontem já sabendo que eu ia ter vontade de me afundar em chocolate porque essa semana eu estou muito, muito triste, tem um nó na minha garganta, e eu não estou nem um pouco a fim de fazer essa tristeza acabar porque eu estaria mentindo pra mim e eu cansei de mentir, cansei, tô de saco cheio, tirem-me daqui, tirem-me, eu não posso mais, Ólia, Ólia, tire-me daqui, ÓLia!!!!!!

terça-feira, junho 28, 2005

Frio

Frio, frio, muito frio.
Não deveria ser assim.

domingo, junho 19, 2005

Julho é o mês do stand-in.
As férias precisam chegar logo.
Eu quero ser o Ricardo Puccetti quando crescer.
As Três Irmãs das japonesas da dança-teatro são lindas.
Eu preciso decorar a Olga.
Dramaturgia é uma coisa terrível de se fazer. Pior ainda sem diretor.
O Armando é um sapo-boi desgraçado. Achei erroneamente que tinha superado minha birra com ele.
Ganhei Paixão Pagu de Dia dos Namorados e talvez agora eu consiga responder aos workshops com menos enrolação.
Dar aula pra criança é padecer no paraíso.
Preciso viajar! Pra onde?
Definitivamente odeio Teoria.
Enrolei muito o Fábio Cintra esse semestre. Meu Deus!
Preciso ser menos enrolada, menos estressada e mais organizada.

E se um dia tiver tempo prometo desenvolver cada um desses tópicos.

sábado, junho 11, 2005

Uma nova mulher

Fiz exame de sangue e nem desmaiei. Estou orgulhosa de mim mesma!

quinta-feira, junho 09, 2005

Maravilhosa quinta-feira de sol!

OK, então, vamos esquecer que o dia 09 de junho aconteceu.
Vamos todos fingir que eu não acordei cedo, que eu não atravessei a cidade pra ensaiar, que a piranha escrota não me fechou na Heitor Penteado, que eu não perdi minha carteirinha da USP, que eu não trabalhei sem o menor tesão depois de achar que ia perder meu emprego de vez, que eu não estou gripada, que meu ciático não está doendo, que eu não saí do Arte Domus sem receber, que eu não tenho rinite, que eu não tive que pagar a diferença do ingresso do Cnossos porque os filhos de uma puta de mangue do SESC não aceitaram que eu entrasse sem a maldita carteirinha, que eu não estou com milhares de coisas pra fazer até o fim do semestre, que eu não estou melancólica, e que eu não vou ter que desembolsar vinte reais pra mandar fazer uma carteirinha nova.
Pronto, vamos fingir que o mundo é lindo, que a felicidade existe e que o dia foi maravilhoso.Ai, que dia bom! Puta que pariu, que maravilha de dia! Deus queira que eu tenha milhares de dias como esse ao longo da vida!
Vamos viver, tio Vânia, vamos viver!