domingo, novembro 28, 2010

Vai, menino, volta logo pra dentro da minha cabeça, de onde você nunca deveria ter saído.
A gente era tão mais feliz quando você morava lá.

domingo, novembro 21, 2010

Não vim aqui hoje escrever um poema, crônica, texto de ficção.
Isso aqui não é inventado, ou romanceado, não é historinha, não é metáfora de porra nenhuma.
Isso é um fato.
É que.
Até os sabonetinhos de gaveta que ele me deu perderam o cheiro.
(Eu nunca vi sabonete de gaveta perder o cheiro. Eles tem algum poder sobrenatural e inexplicável que faz com que o perfume dure pra sempre. O que nem é tão estranho assim, que afinal eles ficam trancados dentro das gavetas, iam perder o cheiro pra quê, pra quem?)
Mas esses perderam.
Como todo o resto.
Era isso.

terça-feira, novembro 16, 2010

Desculpas.xls

Foi a maneira que encontrei de não me perder. Eu já tinha começado a me confundir e usar a mesma desculpa duas vezes com a mesma pessoa. Um erro desses pode custar um amor, um emprego, uma vida.
Agora, já não. Anoto dia, hora, situação, pessoa envolvida e se ela acreditou ou não. Coloquei fórmulas, e a planilha já mostra qual a melhor pra cada momento, dá menos trabalho e, às vezes, até menos culpa. Tecnologia à serviço da manutenção das aparências. E algumas horas a mais de sono tranquilo.
Eu sei que olhando pra ele, sentado ali, naquela mesa de bar, com todo aquele papo sobre a política mundial e a instabilidade da bolsa de valores, fiz uma figa discreta, escondidinha pelo cabelo, e desejei com tanta força que ele fosse uma janela de Firefox! Clicar naquele X acima à direita e ele desaparecer imediatamente, sem prejuízos futuros, sem maiores traumas, sem ter que sacar mais uma das minhas desculpas esfarrapadas.
Camilo estava certo: a vida é mesmo esse eterno descobrir de com quem a gente não trabalha/namora/mora/brinca/conversa/senta na mesa do bar nunca mais. Quase dá pra ouvir a vozinha irritante da mulher do Avast: suas definições de vírus foram atualizadas. Manda pra quarentena, mulher do Avast. Manda mais esse pra quarentena.
Mas ainda fico ali. Meu copo com gelo nunca foi tão interessante. Faço cara de simpatia. Quanto desperdício, Deus! Um template tão bonitinho, e pra escrever o quê, ESCREVER O QUÊ?
Devia estar agora na casa velha, selecionando arquivos pra levar, arquivos pra deixar no computador da mamãe, arquivos pra doar pra caridade, arquivos pra jogar fora. Queria me livrar de certas coisas - como se jogando fora os objetos, apagasse as lembranças que ele traz. Mas não dá. É. Parece que não dá pra se livrar das provas quando você cometeu o crime contra você mesmo. Vou ter que pagar por tudo. Não dava mesmo pra formatar isso? Onde eu enfiei mesmo aquele DVD do Eternal Sunshine of the Spotless Mind? Ah, tá aqui. Esse eu vou levar. Tem muita coisa aqui pra levar. Vinte e sete anos pra levar. Dá pra fazer um .zip da casa de 200 metros quadrados pra enfiar num apartamento de 40? Dá pra fazer backup da vida? A gente nunca sabe quando vai dar uma merda e a gente vai perder tudo que tem.
Preciso é botar internet logo naquele apartamento ou essa minha ideia fixa com computador não vai passar nunca.
#seriaum

domingo, novembro 14, 2010

Caros arianos,

A vida é curta. Mas nem tanto.
Dá tempo de parar pra pensar mais que 30 milésimos de segundo antes de tomar qualquer atitude.
E de esperar uma semaninha antes de ver o resultado de alguma coisa.
Pela atenção, obrigada.

sexta-feira, novembro 12, 2010

Trilogia do Amor - parte IX (#fracasso!)

Porque é Hilda Hilst, pô...

Isso de mim que anseia despedida
(Para perpetuar o que está sendo)
Não tem nome de amor. Nem é celeste
Ou terreno. Isso de mim é marulhoso
E tenro. Dançarino também. Isso de mim
É novo: Como quem come o que nada contém.
A impossível oquidão de um ovo.
Como se um tigre
Reversivo,
Veemente de seu avesso
Cantasse mansamente.

Não tem nome de amor. Nem se parece a mim.
Como pode ser isto? Ser tenro, marulhoso
Dançarino e novo, ter nome de ninguém
E preferir ausência e desconforto
Para guardar no eterno o coração do outro.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Quanto tempo ainda?

Pra eu me acostumar?
Com a sua cara?
Seu jeito?
Pra não fazer mais esse joguinho de fingir que estou à vontade?
Como se essa fosse mesmo eu, até parece, assim, tão feliz, muito natural?
Pra ver você?
Que tem a minha cara!
Meu Deus, o MEU jeito!
Pra que a gente sinta falta?
Pra que todos digam: Sempre soube! Foram feitos um pro outro!
Ou o clássico: Fui eu que apresentei!
(Mentira, mas nessas horas sempre tem alguém que acredita nisso...)
Aliás, quanto tempo ainda pra contar pra todo mundo?
Quanto tempo ainda pra ter certeza que você é meu?



Falta muito?




Hein!?

segunda-feira, novembro 01, 2010

Fica fundada aqui, agora, a Doutrina Fracassionista.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Colocados.
Se não há como fugir do fracasso, busquemos o prazer no fracassar.
A superação.
E no futuro contaremos a nossos netos (se um dia tivermos) quão ridícula foi nossa existência.
Passaremos nossos dias vendo vídeos do Charlie Brown.
Ouvindo Los Hermanos.
Fracassando mais, para fracassar sempre.
Amém.