sexta-feira, dezembro 23, 2005

O Espírito de Natal

Ele chegou. O Espírito de Natal, aquele que torna as pessoas mais consumistas.
Me fez comprar A Paixão Segundo G.H no Americanas.com, Cem Anos de Solidão no Submarino, uma blusa listrada e uma calça jeans verde- no maior estilo lésbica de ser, diga-se de passagem, sei que Rafael não vai deixar passar essa quando me ver com elas- na C&A, um H2O na L'Ácqua de Fiori, um celular novo da Vivo, uma capinha nova pro celular novo num quiosque do Shopping que nem nome deve ter, um cd da Gal pra dar pra minha mãe, e mais um da Angela Ro Ro e outro da Maysa- só pra dar um up no Ano Novo, né?
Só pra completar fui assistir Harry Potter e confirmar que o Bruxinho é realmente uma gracinha, e seus filmes idem, e a pipoca da UCI está cada vez mais cara.
Some-se a isso os inúmeros jantares em Piolim e Luna de Capri por causa da temporada, lembre que eu não recebo décimo terceiro como todas aqueles milhares que se amontoavam pelos corredores do shopping, e temos uma pessoa cheia de dívidas no mês de janeiro.
Puxa vida, que gostoso!
FELIZ NATAL PRA TODOS!
BOM 2006.
E um Template novo, só pra variar...

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Quando???

Quando eu vou voltar a tomar banho no camarim cantarolando Falando Sério?
Quando eu vou ver o Bruno comendo bolo de chocolate, tomando café e fumando enquanto todos fazem aquecimento?
Quando voltarei a ouvir as piadas idiota-velho do Gustavo?
Quando comerei Funghi Sechi no Luna pagando 50% ?
Quando Lilithy Boo voltará para o Guarujá?
Quando verei Maju reclamando que a Pri jogou de novo a cebola dentro do camarim?
Quando tirarei novos cochilos na caminha da Passiva?
Quando gritarei Ba-ta-ti estribuchando?
Quando cantarei com o Bruno Violão e Voz da Ana Carolina?
Quando eu voltarei a calcular o tempo que falta de acordo com o barulho que vem da Miroel?
Quando beberei a groselha da Carol no fim do espetáculo?
Quando brigarei com o Zito pra ele fazer silêncio que tá atrapalhando a peça da Cunha?
Quando farei bolha de betume no pé?
Quando disputarei o Acqua Color?
Quando verei a Maju reclamando que o coque está horroroso?
Quando correrei para a porta do teatro pra tentar ganhar mais dinheiro pro chapéu?
Quando abraçarei as pessoas que foram e amaldiçoarei as que não foram?
Quando vou desfazer de novo o tricozinho?
Quando vou tentar descobrir quem tá na platéia pelas risadas que eu ouço?
Quando vou me perguntar se alguém está olhando pro que eu tô fazendo com aquele puta tango rolando ali na frente?
Quando torcerei pro sapato sair, o sapato sair, o sapato sair...?
Quando verei a Maju reclamando que não conseguiu subir na ponta?
Quando a Maju vai parar de reclamar???
Quando entraremos em um consenso sobre se o espetáculo do dia foi bom ou não?
Quando faremos inscrição pro próximo festival?
Quando eu vou encontrar um outro grupo que seja capaz de fazer piadas como este faz?
Quando vamos voltar a cartaz?
Quando eu vou me acostumar a idéia de que o tempo passa e as coisas tem necessariamente que acabar?
Quando vamos ganhar dinheiro de verdade com nosso trabalho?
Quando a Carol vai dormir aqui de novo porque saímos da cantina muito tarde?
Quando ouvirei Odete? E Nina Simone? E Gretchen?
Quando o pai da Maju arranjará um novo programa aos finais de semana?
Quando eu verei o Marcelo com tanta frequência?
Quando eu vou ver vocês de novo? Quando?

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Das estrelas para a minha cabeça

Eu hoje de repente me lembrei que quando criança acreditava que eu tinha um universo dentro de mim. Eu fechava os olhos e via montes de pontinhos de luz, brilhantes. E eram estrelas. Formavam constelações. Não sabia por que as pessoas precisavam olhar para o céu, se eu simplesmente podia olhar pra mim mesma. Enxergar no fundo de mim. Eu torcia pra passar uma estrela cadente dentro da minha cabeça, pra que eu pudesse fazer um pedido. Hoje, quando me lembro, quando tenho tempo- defina ter tempo, quem tem tempo, afinal de contas?- eu às vezes olho pro céu, também. Eu às vezes olho pra dentro de mim. Ainda tem por aqui algumas coisas brilhantes, que me assustam, me ofuscam, sei lá. Dizem que as estrelas que nós vemos hoje já estão mortas há muito tempo- Como assim, dizem? Isso é cientificamente comprovado, pare já de querer dar um tom poético a este texto, isso aqui não é estória pra criança! E as estrelas dentro de mim, será que essa luz demora pra sair também? Como se um raio luminoso tivesse sido lançado na hora em que eu nasci? E eu fosse descobrindo as coisas aos poucos, ao longo da vida, as estrelas que viajam anos-luz dentro da confusão da minha cabeça? Bom, pra mim que sempre vivi do passado isso não deve fazer tanta diferença. Eu me lembro de algumas viagens, ônibus, estrada, noite, vidros, torcicolo, e eu tentando contar estrelas. Eu me lembro de noites no sítio com estrelas cadentes e pedidos. Num lugar bem longe daqui onde a gente ainda consegue olhar pras estrelas. Onde a gente ainda tem coragem de acreditar em pedidos. Tantas, tantas, tantas, crédito de estrelas, pedidos acumulados, talvez alguns ainda por realizar, talvez não. Nem lembro quais eram. Mas Deus tem se encarregado de lembrar por mim. Eu ontem estava feliz e ri, ri, ri, feito tonta, sorriso bobo na janela do ônibus. Talvez eu tenha olhado pra dentro de mim sem perceber. Possibilidades. Sabe Deus quantos anos-luz essa coitadinha de estrela caminhou só pra me vir dizer: Minha filha, será que você pode abrir os olhos? Enquanto você está aí, tem um mundo correndo lá fora. E as estrelas passando, pela janela do ônibus. Alguma velha estrela se apagou.

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Claro, claro, claro

Não basta machucar joelho, inflamar ciático, agora vou ter que machucar o pé também. Alguém pode me dizer qual é o meu problema???
PUTAQUEPARIU!!!!!

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A companhia vai desistir, a companhia vai desistir, a companhia vai desistir, a companhia vai desistir, a companhia vai desistir, a companhia vai desistir...

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Se você ainda não viu UM HOMEM BATEU EM MINHA PORTA, veja.
As pessoas têm gostado. Eu gosto muito. E pode ser que você não veja mais. Que Curitiba tá com a Zélia, né??? Só Jesus...
De qualquer maneira, tá na hora de eu arrumar uns fãs. que já vi que se eu for depender dos amigos pra público, vou passar a vida no prejuízo.


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Resoluções de fim de ano e programação de férias:
- postar aqui as maiores e melhores piadas e acontecimentos do ano- daqui a um tempo eu quero ler e rir, rir muito.
- ir pro Teixeira's Resort Hotel dia 24 de dezembro e só voltar ano que vem.
- Meio de janeiro: tour em Jaraguá do Sul.
- Ler muito, ver muitos filmes, dormir muito, descansar a mente, pensar na vida. Eu preciso muito.

sábado, dezembro 03, 2005

Amanhã eu vou dormir

Eu não tenho assunto algum, mas eu só quero registrar que hoje me dei ao luxo de ficar na internet até duas e meia da manhã pelo simples fato de que amanhã eu não tenho ensaio, não tenho que dar aula, não tenho hora pra acordar. E como a estréia é só a noite, vai dar pra dormir bastante.

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Aliás, aproveito e registro que esse negócio de pré-estréia é muito estranho. Parece que a gente não estreou, mas parece que a gente não vai estrear. Sei lá.

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A propósito, a porta da cozinha está destrancada porque a minha mãe ainda não chegou em casa porque foi no Villa Country. A que ponto chegamos...

domingo, novembro 27, 2005

Eu tô no topo!!!

Advertência inicial: este será o texto mais diva da história desse blog. Não me acusem de esnobe, vejam que ele é um texto realmente emocionado. Obrigada!

Ontem foi a premiação do Curta Teatro de Sorocaba.
Não, infelizmente não ganhamos os 2 mil do primeiro lugar; também não ganhamos os 1,8 mil do segundo lugar, e tampouco os 1,2 mil do terceiro lugar. Sim, vamos ter que suar pra pagar o aluguel do teatro.
Mas ganhamos Melhor Atriz- sim, eu mesma, recebendo o troféuzinho no palco com as bichas gritando Maravilhosa, o Rafael dando seu famoso grito explosivo depois de fingir que tava calmo a premiação inteira, e a oradora comentando como minha mão tava gelada na hora que eu a cumprimentei, pra depois fazer o discurso mais diva de todos naquele microfone: Eu tô no topo! Gente, quem não assistiu a peça deve ter me odiado naquele momento!
Fomos indicados em Maquiagem e Figurino também - puta peça de viado, hein!?

Todo mundo veio me dizer depois que aquele prêmio tinha sido realmente muito merecido. Eu sempre fico feliz com elogios, e sem graça também. Mas todo mundo me pareceu bastante sincero. E eu fiquei pensando em como as histórias na vida se repetem. Eu me lembro de um ensaio em que eu disse pro Rafa que eu tava morrendo de medo da Lótus, mas por outro lado eu adorava desafios. E é sempre assim. De vez em quando eu preciso me colocar à prova, pra ver se é realmente isso o que eu quero fazer. Quando eu ganhei um prêmio no colégio, eu decidi que eu ia prestar Cênicas. Agora, esse vem numa nova fase, em que estou saindo da faculdade e descobrindo que viver de teatro não é assim um mar de rosas. Mas continua sendo uma coisa que eu amo muito. Essas lições que a gente leva pra vida toda.
E eu não acho que a personagem esteja construída, eu não acho que eu saiba tudo que estou fazendo, eu concordo com o júri, e acho que tem muita coisa a trabalhar. Mas é um desafio que eu continuo querendo vencer.

Não é a primeira vez que me dão Parabéns por algum espetáculo. Na verdade, atores estão acostumados a receber Parabéns por seu trabalho. Alguns Parabéns, aliás, muito pouco sinceros. Mas ontem, pela primeira vez, alguém me disse Obrigado. Obrigado pelo seu trabalho, ele é lindo! Foi no meio de uma multidão de comentários e cumprimentos, e eu confesso que nem lembro direito quem foi. Não guardei o rosto nem a voz da pessoa, e provavelmente ela nunca vai saber que o comentário que ele ou ela fez foi uma das melhores coisas que eu já ouvi na vida.

Gente, agora falando sério, pensem comigo: saímos de São Paulo com uma roupa branca improvisada pelo Rafa Rios em um dia, um banco pintado de branco com tão pouca tinta que dava pra ver que ele era preto antes, uma luz super simples, sem trilha sonora, uma maquiagem feita toscamente sem experiência alguma, depois de ensaiar duas semanas, e ainda queríamos ganhar dois mil reais??? HAHAHAHAHAHAHAHAHAHA. A gente é metido mesmo, né!? Pelo menos dessa vez a gente admitiu e não xingou ninguém na premiação...

Momento Coruja:
Ao telefone, Sorocaba- São Paulo:
Eu: Mãe, ganhei Melhor atriz.
Minha mãe (aos gritos): Melhor atriz? Melhor atriz? Melhor atriz?
Meu pai (ao fundo): Eu não falei? Eu não falei?

Ao vivo, São Paulo (depois de pegar a Castello Branco à noite, uhu!)
Minha mãe: Amanhã vou acordar cedo pra assistir o Pequenas Empresas, Grandes Negócios sobre companhia de teatro!
Meu pai: É isso aí, ontem Aparecida, hoje Sorocaba, amanhã Hollywood!!!

Calma, pai. Se o ciclo realmente se repetir, daqui a cinco anos eu fico feliz com um Shell ou APCA, OK? Ai, ai, eu esperarei, não é verdade?

sexta-feira, novembro 25, 2005

Sr. Teatro

Eu andei pensando que tem vezes que o teatro me pesa como uma obrigação.
Eu tenho minha teoria de que não sou mais apaixonada port eatro há muito tempo; eu e o Sr. Teatro já casamos e tem dias que eu acordo, olho pro outro lado da cama e penso: Ai, Teatro hoje, de novo, não! Mas em geral são momentos passageiros.
Ultimamente, envolvida em tanta produção, e dando aula, e correndo atrás de tudo, e sem tempo pra fazer nada, eu andava meio de saco cheio de teatro. Aí veio o Curta Teatro de Sorocaba, e me fez ficar tão, mas tão nervosa, que me fez pensar, na terça-feira: porque ao invés de pensar na responsabilidade de ir pro Festival, eu não penso em como é bom ir mais uma vez a um SESi mostrar o meu trabalho? Porque ao invés de ter medo do júri eu não penso que eles poderão dar toques super legais? Porque ao invés de ter medo de pegar a Castello Branco sozinha eu não me empolgo com o fato de que vou fazer algo pela primeira vez?
Tem uma hora na vida que a gente pensa que ter medo é uma coisa que a gente até pode controlar.
E assim passou o meu nervosismo, e assim a gente apresentou na quarta, e assim eu vi que ir pra Festival continua sendo uma delícia, e assim eu vi que realmente escolho as pessoas certas pra trabalhar, e assim eu vi que pra mim estar em cena ainda é maravilhoso e divertido, e assim eu vi que as bichas são minhas fãs, e melhor de tudo, elas vão lotar o Dark Room quando estrear.
E eu só queria declarar aqui que Alberto Guzik disse que eu tenho presença em cena e isso já me fez ganhar a viagem. Claro que continuarei rezando pra além disso ganhar o Festival, afinal, eu tenho uma produção a pagar.
Sábado eu conto o resultado. Ou não conto, se ele for muito desfavorável, que eu já cansei de chorar pitangas por aqui. De modo que todos compreenderão o meu silêncio.
É isso. Um ensaio a menos, e uma nova estréia na semana que vem.

domingo, novembro 20, 2005

... e você abriu, sim, tá, tá bom!


Faltam duas semanas pra estréia e o friozinho na barriga está começando. Tá aqui, ó!

UM HOMEM BATEU EM MINHA PORTA
" Às vezes você dá risada porque quer chorar, mas a água não sai do seu olho"

Criação coletiva de Bruno Caetano, Carolina de Biagi, Fernanda Gama, Maria Julia Martins e Rafael Truffaut
de 03 a 18 de dezembro- sextas e sábados as 21h e domingos as 20h
Teatro Laboratório ECA-USP
Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa J, Cidade Universitária
Entrada Franca ( retirar convites com uma hora de antecedência )

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Quarta-feira, sem falta, lá em Sorocaba. Rezem, rezem, rezem, rezem, rezem, rezem, rezem, rezem, rezem, rezem, rezem, rezem, rezem, rezem, rezem.

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Acabei de perder minha última virgindade ali no banheiro. Ai, dor!

terça-feira, novembro 08, 2005

Aí Deus pensou bem e disse:
- Tá, eu vou tirar a mão. Mas só porque o menino prometeu não comer chocolate. Ele tá sofrendo com isso. Ele merece ser feliz em troca.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Só pra dar uma aliviada

Um belo dia, um cara chamado Lars Von Trier teve a brilhante idéia de falar sobre como o ser humano é um inútil que nem conviver em sociedade consegue. Ele fez o primeiro filme e acabou comigo. Aí ele fez o segundo, e eu pensei: Há! Agora eu já conheço o seu jogo e você não me pega mais. E ele pegou.
Gênio maldito!

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Quando foi que eu decidi que esse blog ia virar um muro de lamentações???
Agora que outubro acabou e as coisas parecem estar se acalmando (antes- tá ruim, tá ruim, tá muito ruim; agora- tá ruim, tá ruim, mas tá quase no fim), prometo que vou tentar rechear esse espaço de posts animados, piadas ruins e comentários que não valem de nada. Enfim, voltando às origens.

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Eu já comentei sobre o Pet Shop no Tatuapé chamado PET STOP???
Ai, ai, ai...

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Aliás, que beijo gay picareta foi esse, hein, Glória Perez? Só faltou parar a novela no meio e passar receita de bolo. Bom mesmo foi ver Camila Morgado batendo aquela cara toda torta no vidro.

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Finalmente, depois de mais de um ano de sucesso, as piadas Olga deram espaço à novíssimas piadas, saídas diretamente dos Sete Afluentes do Rio Ota. Competem com Terça Insana como melhor piada do ano.


sexta-feira, outubro 28, 2005

Deus estendeu as duas mãos

... sobre a minha cabeça e ainda chamou uns anjinhos pra estender junto com ele. E aí todos juntos fizeram um coro pra dizer em voz de canto gregoriano: Ela!!! Ela é a escolhida!!! Ela vai se fuder!!! Ela vai rodar feito uma imbecil por duas horas querendo chegar em São Caetano debaixo de chuva e não vai conseguir!!! Ela vai ter milhões de coisas pra resolver e não vai ter cabeça pra resolver nenhuma!!! Hoje eu vou mostrar pra ela que ela é uma inútil!!! Que ela não presta pra nada!!! E vou esfregar isso na cara dela colocando sinais disso em todos os lugares por onde ela for passar!!! Hoje ela vai se sentir mal, hoje ela vai chorar, hoje ela vai brigar com a mãe, hoje ela vai perder a paciência, hoje ela vai se sentir carente, hoje ela vai se sentir uma péssima profissional, hoje ela vai perder totalmente o controle, hoje, tudo hoje, tudo tem que acontecer hoje pra ela sentir que não devia ter levantado da cama!!! Só pra ela se sentir triste, só pra ela ficar mal de vez, só pra ela ter vontade de desaparecer da face da terra e se enfiar embaixo do edredon tentando esquecer que o mundo existe!!! Eu faço questão de que o dia 28 de outubro seja uma merda e vou fazer ela lembrar dele pelos próximos anos de tão ruim que esse dia vai ser pra ela!!! Ela vai ficar tão mal que vai repensar as escolhas da vida dela e se sentir uma anormal!!! Vai, porque eu quero!!! Porque eu escolhi!!!!

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Música REPEAT NO RÁDIO DO CARRO da semana

Fool On The Hill
(The Beatles)

Day after day, alone on the hill,
The man with the foolish grin is keeping perfectly still.
But nobody wants to know him,
They can see that he's just a fool.
And he never gives an answer .....

But the fool on the hill,
Sees the sun going down.
And the eyes in his head,
See the world spinning around.

Well on his way, his head in a cloud,
The man of a thousand voices, talking perfectly loud.
But nobody ever hears him,
Or the sound he appears to make.
And he never seems to notice .....

But the fool on the hill,
Sees the sun going down.
And the eyes in his head,
See the world spinning around.

And nobody seems to like him,
They can tell what he wants to do.
And he never shows his feelings,

But the fool on the hill,
Sees the sun going down.
And the eyes in his head,
See the world spinning around.



domingo, outubro 23, 2005

Complementando

Eu ainda quero que o mundo acabe em loja de cristais.
Mas agora eu gostaria muito que todos os cristais fossem moldados com a fuça do guardinha do CAC, aquele filho da puta que eu não sei o nome, mas que apesar disso se acha uma pessoa importante o suficiente para vir falar em autorização quando ele mesmo invés de trabalhar vai assistir corrida de fórmula 1 no Departamento de Música. Pois eu quero mais é que ele morra atropelado, seja lançado a cinco metros de distância, caia em um barril de ácido sulfúrico, e que sua família seja devorada por cachorros raivosos em praça pública. E espero que eu possa cuspir depois.
E quanto ao Fernandes, espero que essa bicha escrota filha da puta tenha uma ótima desculpa, ou vou desejar algo bem pior pra ele amanhã.
Porque não basta ter que ensaiar em plena tarde chuvosa de domingo, depois de votar naquela merda de referendo ridículo pra tentar enganar que nós vivemos em uma democracia; Deus tem que estender a mão e apodrecer de vez o meu dia não deixando sala pra ensaio e me fazendo perder a viagem justo quando eu tenho trilhões de coisas a resolver. E depois eu ainda fico com fama de estressada. Vai pra putaquepariu!!!!

quinta-feira, outubro 20, 2005

Outubrite

Eu tô é querendo que o mundo acabe em uma loja de cristais, pra eu quebrar TODOS.

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Quanto mais as estréias se aproximam, mais medo e mais stress se acumula. Que será de mim em novembro, Deus do céu???

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Definitivamente, eu perdi meu medo da Marginal. Me sinto uma adulta, agora.

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Meta: até o final do ano, eu vou aprender a fazer invertida sobre a cabeça. Vou! Ah, eu vou!

segunda-feira, outubro 17, 2005

15 de outubro

O primeiro dia dos professores a gente nunca esquece!

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"Eu queria ser bailarina. Mas eu voava demais... "

quinta-feira, outubro 13, 2005

Só pra... constar

Atualizando rapidamente, só pra ninguém dizer que eu não coloco mais nada por aqui.

- Que porra é essa de levar meninas que tão se beijando pra delegacia??????

- Estou em dúvida entre o 1-Não e o 2-Sim. Aliás, quem faz uma pergunta objetiva e pergunta se a resposta é Não ou Sim? Não seria mais lógico perguntar Sim ou Não??? Só no Brasil mesmo...

- A lista da Jornada SESI ainda não saiu por pura falta de tempo, mas em breve vou publicar porque daqui a muitos anos quero ter outra lembrança que não os dois quilos que eu ganhei e estão demorando a ir embora.

- Tô morrendo de medo do Roacutan. Joguei!

- Aldeotas é uma das coisas mais lindas que eu já vi. E domingo eu vou rever Sete Afluentes. Viva os finais-de-semana que estão de volta!

sexta-feira, setembro 30, 2005

É o fim!

Esse fim de semana é o último da Jornada SESI.
Vou pra lá de ônibus e se Deus quiser chego antes do espetáculo e a tempo de dar o play.
E aproveito o último dos hotéis e o último dos cafés da manhã.
Aliás, semana que vem publico aqui os TOP da Jornada. Aliás, a gente passou esses dois meses preparando essa lista...

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Não adianta. Com ou sem problemas, atrasando ou não, não importa onde, o mundo vai acabar! Vai, vai, não adianta lutar contra. O 18 de maio está chegando...

quinta-feira, setembro 22, 2005

Eu hoje descobri:

Que Ele disse sim!
Estou emocionada, empolgada, morrendo de medo.
E não, não é nada disso que vocês estão pensando.
Mas é tão legal quanto! Feliz, feliz, feliz.

Que aula no CAC não faz falta.
Eu estou cada vez mais fora daquele departamento.
Dá medo sair. Mas dá muito mais medo ficar.

Que o dinheiro da Ilha finalmente caiu!
Tem coisa melhor que descobrir mais dinheiro na sua conta?

Que eu quero ser Ariane Mnouchkine.
Quando eu crescer...

( E nessa semana ) que Jung é tudo de bom!
Geniozinho, geniozinho. E eu até que não sou tão anormal.
Ou os outros são tão anormais quanto eu.

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A greve acabou. Nada se resolveu. Ninguém votou nada na Assembléia. O veto do senhor Governador continua. A educação continuará uma bosta. E teremos mais greve em breve, com certeza. Foda-se! O figurino e o bandejão estão de volta.
Não, não sou nem um pouco ligada no movimento estudantil. E eu não estou na luta, Zito!!! Ainda que eu concorde com ela.
Eu quero mais é apresentar logo nosso espetáculo pelo qual suamos muito. Podemos? Obrigada.

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Mauá não é tão feio quanto pintavam, mas é tão feio quanto eu imaginava.
Quero que chegue logo sexta-feira com suas seis horas de viagens de ônibus e seus hotéis com cafés da manhã e suas horas intermináveis na companhia dos meus amigos queridos de quem eu sentirei muita saudade daqui a dois fins de semana.
Está acabando. É triste, mas como eu sonho em ter de novo meus fins de semana...

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Eu vou levar OLGA. Eu vou levar OLGA. Eu não posso me esquecer de levar OLGA.



sexta-feira, setembro 16, 2005

Esqueci...

Há duas semanas que eu tô pra postar isso e sempre esqueço.
Outdoor em banca de jornal numa praças de Santos:

ADEUS, DROGAS. HÁ DEUS!

Mais pândego, impossível. Ponto pra Santos.
Também, consideremos que esse foi um dos poucos pontos altos da viagem.
A propósito, Osasco foi uó. Que venha Mauá...

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G- Ai, meu peito está diminuindo de novo, que bom!
A- Por que diminuindo?
G- Porque eu parei de tomar pílula.
A- Ah, tava grande por causa da pílula?
G- É.
A- Nossa! Será que minha mãe punha pílula na minha papinha???

Ai, ai, uma vez A., sempre A.

quinta-feira, setembro 15, 2005

A alma do negócio

Quinta-feira, quatro e alguns da tarde, farol do Portão 1 da Cidade Universitária. A menina aparentando oito anos aproxima-se do automóvel. No caso, o meu automóvel.
- Você já soube da novidade?
- Não, que novidade?
- Você sabe quem tá preso?
Eu pensei em dizer Maluf, aquele filho da puta, tomara que apodreça lá dentro comendo as quentinhas que ele diz que não daria nem pro cachorro dele. Mas preferi pegar leve.
- Não, quem tá preso?
- A água.
- E por quê?
- Porque ela matou a sede.
Risos. Meus, claro.
- Eu tô vendendo essa bala pra juntar dinheiro e pagar um advogado pra soltar a água.
Caralho! A menina era quase a Duda Mendonça dos faróis!
- Quanto é sua bala?
- Essa é 0,50 e essa é um real.
- Dá a de um real....
Acho que vou contratar essa menina pra produzir algum dos meus espetáculos...

terça-feira, setembro 13, 2005

Vazio

Ultimamente ando com a impressão de que a minha vida está meio vazia.
Tenho muita coisa pra fazer, preciso organizar e programar até mesmo os meus horários "livres" e ando sem disposição pra muita coisa.
Aí entro no ORKUT, e como me revoltei e saí de quase todas as comunidades em que estava- e as poucas que me sobraram quase nunca tem mensagens novas- nada me resta a não ser responder poucos scraps - ai de mim, que sou esquecida!- e passar o resto do tempo futicando nas páginas dos conhecidos- e conhecidos de conhecidos, e também dos totalmente desconhecidos- e tentando descobrir o que eles têm feito da vida.
E a impressão que me fica é que todo mundo está vivendo intensamente, menos eu. Milhões de fotos de festas, churrascos, encontros, namorados, viagens, coisas super interessantes. Maravilhoso posts e fotos divertidos em blogs e fotoblogs, mostrando que as pessoas têm feito de tudo um pouco- e eu pareço nem ter muito asssunto na vida, a não ser as habituais crises de personalidade.
Não sei se é falta de tempo, de vontade, ou propaganda enganosa dos outros. Mas não sei porque parece que o tempo pras pessoas passa mais devagar. E elas podem fazer tudo o que tem vontade e aproveitar horrores. Elas têm mais amigos e mais assunto, e mais tempo e mais dinheiro, e a vida delas corre, evolui, a olhos vistos, e elas sempre têm sonhos e projetos a realizar, e eu estou aqui, perdendo tempo em digitar esse texto, teimando, quando sei que programei milhões de coisas pra fazer agora de manhã.
Eu olho esse blog meio vazio e fico querendo inventar coisas pra escrever nele só pra que as pessoas tenham a impressão de que minha vida é ótima e supermovimentada, mas se eu fosse seguir minha promessa anterior de só publicar coisas realmente significativas o coitadinho estaria vazio há muito tempo.
Não sei o que acontece comigo, mas sei que alguma coisa vai ter que mudar nos próximos dias, semanas ou meses... e levar o tédio. Estou precisando tomar alguma atitude, só não sei muito bem qual.

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E uma das piores sensações do mundo é a sensação de coração vazio.
Cadê o destino, quando preciso dele?

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Imagens toscas que me ocorreram enquanto eu escrevia esse texto:

- sensação de quando você está na plataforma do metrô, ali bem perto da famosa linha amarela, e o trem passa rápido demais e aquele "ventinho" parece que vai te derrubar;
- topo de montanha, neve, frio, vento úmido, garoa, e o sol e o mar e a praia e os sorvetes e os guarda-sóis girando coloridos lá embaixo;
- fotos pseudo-cults de trânsito. Daquelas que a pessoa coloca a máquina na janela e deixa a lente aberta por horas ( exagero!) e ficam só os risquinhos dos faróis demonstrando a rota que os motoristas fizeram;
- um mundo de gigantes caminhando a passos largos pela Av. Paulista ( minha referência menos desagradável de multidão ) e eu pequenininha gritando sem ser ouvida-vendo sem ser vista;
- respiração ofegante de fim de corrida de longa distância. Ou treinamento energético. Daquelas que de tão quentes machucam o peito e fazem a mão formigar;
- Uma torneira torturante gotejando na pia de aço inox.

Eu, às vezes, odeio ser imagética!

Post rápido

Só pra registrar que eu amo-odeio a tiazona de mais de cinquenta anos que consegue fazer todas as posições de Yoga que eu ainda não consigo.
Morte-vida longa a ela!

quinta-feira, setembro 08, 2005

Campanha

Procura-se namorado decente para Fernanda Gama e Telma Helena

As duas grandes estrelas estão procurando namorados decentes, bonitos, inteligentes, charmosos, dignos, honestos, que não façam teatro mas que aceitem que as duas façam.
Enviem seus currículos com fotos e pretensões para gama_fernanda@yahoo.com.br, e se passarem pela banca examinadora serão chamados pra entrevista e teste prático, local e horário a definir.
Ah, sim, e que fique claro que são duas vagas, um namorado pra cada uma, ok?

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Em Santos choveu pra caralho. Eu fiquei na cabine enrolada na manta pra não passar frio. E chegando em São Paulo, sol, muito sol, muito sol. Bicho, eu prefiro ter um filho viado do que um filho do departamento meteorológico.
Esse sábado, Osasco. Segundo muitos, o melhor teatro, e o pior público. Dane-se, estou preocupada é com a nova leva de tickets que vai chegar. Viva o VR!!!! Viva!!!

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Liguei pra mãe do demônio. A mãe do demônio não estava. Mas eu insistirei.

sábado, setembro 03, 2005

Eu desisto!!!!

Não dá mais pra ser original no meio teatral mundial!
Todo mundo está falando sobre tudo. E tudo é exatamente aquilo de que eu estava querendo falar.
Deve ter alguém nos observando.
Ou como diria Rafael: é uruca!
Ou não?
Eu continuo não acreditando em coincidências...

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Depois que o povo PiraciAcabou, vamos pegar uma corzinha nas limpas praias de Santos...
Eu torço pelo café da manhã pra economizar nos tickets do almoço.

terça-feira, agosto 23, 2005

FRANCAmente...

Uma cidade que não tem rua Quintino Bocaiúva??? Faça-me o favor. Também não tinha sorveteria na praça, mas tinha no calçadão, tá valendo.
Já Birigui, a cidade do Gianechinni, não aceita VR. O que não é muito bom pra que faz Jornada SESI e só recebe em VR. E so come se tiver VR. Mas aí surgiu a confeitaria e restaurante Vó Maphalda e resolveu a questão.
Eu teria milhões de piadas a publicar, mas tô sem saco. Acho que enjoei desse blog. De novo.

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Eu hoje estou triste porque os monstros fizeram com que eu me sentisse uma inútil.
Eu vou vencer os monstros nem que seja a última coisa que eu faça na vida.
Nem que eu tenha que chamar reforços.
Nem que eu tenha que ser cruel e anti-pedagógica.
Nem que eu traga a palmatória de volta.
Ah, eu vou.

quinta-feira, agosto 11, 2005

Não aguento mais gente do mal

Ramo seco de artemísia atrás da porta é providencia que pertence à magia defensiva.

Para defesa contra o mau-olhado planta-se guiné no vaso e coloca-se à entrada da porta da rua.

Quem conduz alho no bolso ou em patuá, está defendido contra o diabo, assombrações e olho mau.

Para evitar a influência e o encosto de maus espíritos queima-se a folha seca da guiné, em brasa-viva, todas as sextas-feiras às seis horas da tarde, hora da ave-maria.

Pendurar uma espiga de milho com a palha, na entrada da casa.

Queimar unha de boi no quintal, espanta inveja e evita a perturbação espiritual e o mau-olhado.

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Agradecimentos ao deus Google pelas informações.

domingo, julho 31, 2005

Por dentro

Lá a coisa é sempre muito grande. E eu tenho medo. Tenho medo do exagero porque sei que ele é naturalmente parte de mim. Deus, porque Diabos eu fui nascer em março? E então os amores são grandes, o medo é grande, a dor é grande, a impaciência é grande, a insegurança é grande, tudo devidamente elevado a sei lá que potência, e não que essa grandeza sempre chegue ao mundo exterior, mas estamos falando daquilo que acontece aqui dentro, ok?
E sei lá que barreiras são essas que eu me imponho pra não deixar que as coisas grandes cheguem do lado de fora. Eu tenho descoberto muitas delas, e fico sempre muito feliz até perceber que elas me parecem grandes demais para que eu consiga ultrapassá-las. Eu não me sinto capaz de vencer meus instintos, nem minhas tendências auto-destrutivas, minha educação, meus valores ultrapassados, meus vícios, meus traumas. Eles estão todos aqui. Eu nem sei se todo mundo percebe. Eu sempre me preocupei em esconde-los tão bem...
Eu queria que minha vida fosse um livro aberto. Que as pessoas olhassem pra mim e soubessem exatamente o que eu estou sentindo. Pra eu não ter que me dar ao trabalho de falar sobre, coisa que eu nunca soube fazer. Vai ver foi por isso que um dia eu resolvi que ia ser atriz. Pras coisas ficarem mais claras. Não sei se deu muito certo, já que eu sou tudo aquilo que uma atriz não deveria ser. O que me salva é que eu psicossomatizo.
Eu não me expresso, eu transbordo. Falar as coisas pra mim não é um elemento comum da relação entre dois ou mais seres humanos. Falar pra mim é explosão, é deixar que tudo aquilo que não encontra mais seu lugar dentro alcance o lado de fora. É alívio, puro alívio. Por isso que as coisas só vem à tona quando atingem o limite, quando eu não suporto mais, e aí sim: Crise, esse é o Mundo. Mundo, essa é a Crise. Então eles que se virem sozinhos, que a minha parte eu já fiz. E eu não queria estar no lugar do Mundo nesses momentos...
Por hora, tudo no meio termo por aqui. Comigo muita coisa remexendo, remoendo, misturando, querendo conhecer a vida. E eu como boa mãe superprotetora não sei se devo deixar. Pra que, meu Deus, tanto e mais sofrimento? Pra ser remoído mais um pouco, pra virar material de construção pra mais uma barreira a me separar de quem eu amo?
Eu tô tentando fugir, e me esconder. Mas quando eu mesma descubro os meus esconderijos, ai, fica tão mais difícil...

terça-feira, julho 26, 2005

Cem Anos de Solidão

AcabeiÉ issoMeu PT2FechouPontoTranscendi.

Até em Brotas!

Sim, senhores, em Brotas também tem uma rua Quintino Bocaiuva.
Assim como em São Paulo, em Londrina, em São José dos Campos, etc, etc.
Eu sempre quis saber. E agora eu sei.

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E essa vida que eu quero pra mim.
Viajar com espetáculo, ficar em hotel, sem ter que se dar ao trabalho nem de arrumar a cama, com um puta café da manhã, piscina, refeições de graça e transporte também. Aí você trabalha umas duas horinhas e tá valendo. No resto do tempo você dá risada, dorme, e toma sorvete na pracinha do centro da cidade. Copo com três bolas e cobertura, dois reais. Viva as sorveterias do interior.

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Viva a permuta no Luna de Capri!!! Viva!!!!

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E vá você também assistir Em Transporte e tente descobrir quem sou eu.

quinta-feira, julho 21, 2005

Pintar, vestir, virar uma aguardente...


Eu tenho um sonho. De que um dia todas as pessoas que trabalham com teatro no mundo serão apresentadas à ética. E então todos nós, atores, poderemos trabalhar felizes, receberemos nossos cachês por inteiro, sem saia justa, sem injustiça, com contrato assinado, e sem briguinha de ego. Ninguém mais vai ter amnésia, esquecer de seus compromissos e lembrar, assim, sem mais, de um dia pra outro, que tem direito a um cachê e uma participação em apresentações mesmo sem ensaiar. Todas as pessoas serão sensatas, terão bom-senso, e terão relógio. Saberão diferenciar 9h de 10:45h. E lidarão com o dinheiro sem estragar suas relações com as outras pessoas. E eu vou saber como exigir os meus direitos quando necessário e mandar alguém tomar no cú quando merecido, mesmo que eu seja a única a ter uma opinião diferente, e ainda mais se a minha opinião for a que parecer mais justa. E nesse dia, quando todos que trabalham com teatro tiverem consciência de que teatro é um trabalho, acho que eu poderei voltar a ser a menina empolgada que aceita de pronto convites pra ser stand-in feitos num domingo de manhã, sem levar em conta todos os comentários feitos anteriormente sobre a irresponsabilidade dos integrantes do grupo. Mas talvez antes desse dia, chegue um outro dia em que eu serei recompensada pelo meu esforço e as pessoas ainda estarão na ignorância, cozinhando ovo na panela de pressão, esperando Speedy e acreditando que faltas e atrasos não são motivos pra se pedir desculpas. O meu caminho está traçado! Não faço gosto em voltar!

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Frases fantásticas

" Gente, não é pelo dinheiro, não, é pelo que o trabalho do grupo representa pra mim. Eu não acho justo receber tão pouco..."

" Não estou faltando por opção, deu um problema na agenda"

" Fudido por fudido, fudido e meio"

E o bonus-track, que não tem a ver com essa estória, mas tem muito a ver com essa estória:

" Não pensem que estou saindo porque eu encontrei um outro grupo, maravilhoso, com um trabalho fantástico. Estou saindo para ficar em casa mesmo"

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EM TRANSPORTE

Com Carolina de Biagi, Fernanda Gama, Rafael Truffaut, Telma Helena, Tiago Luz

Direção: Diego José Villar

Teatro Laboratório da ECA/USP - Sala Miroel Silveira
(Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, Cid. Universitária)
De 23de julho a 07 de agosto
Sábados as 19h e domingos as 18h
ENTRADA FRANCA

domingo, julho 17, 2005

Arena conta Sua Vida

Definitivamente, só tem 15 pessoas no mundo!
Por isso você vai encontrá-las diversas vezes em diversas situações de diversas maneiras na sua vida.
Porque elas leram Boal e trabalham no Sistema Coringa. É isso!

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E a pandeguice da semana é a capa da Veja SP:

NAS GARRAS DO LEÃO
Acusada de sonegação fiscal e importação fraudulenta, a superloja de luxo Daslu vira o novo alvo da Polícia Federal
E a foto da proprietária da Daslu, toda chique, apoiada em uma das estátuas de leão que tem na loja.
Eles não são ótimos???


sexta-feira, julho 08, 2005

Pseudo-férias

Pseudo-férias. sm. Ato ou efeito de continuar ensaiando, lendo, estudando, fazendo entrevistas, decorando texto, mandando currículo, indo pra USP diariamente, acordando cedo, porém sem manter nenhuma atividade remunerada devido às férias escolares.

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Ontem fiz uma biópsia de agulha grossa ( acreditem, era MUITO grossa) orientada por ultrasonografia de um nódulo da mama esquerda. Segundo pesquisas feitas pela minha mãe, o exame custaria 650 reais se eu não tivesse convênio. Isso me fez pensar o quanto estão na merda as pessoas que não tem convênio. Será que o SUS faz biópsias de agulha grossa orientadas por ultrasonografia? Desigualdades sociais à parte, meu seio esquerdo passa bem, apesar de um curativo de Micropore e um furinho vermelho que eu espero que suma logo ou minha vaidade ficará realmente muito abalada.

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A propósito, estou digitando tudo isso do setor de contabilidade do escritório da minha mãe. Estou aqui há dez minutos, tempo suficiente para ter certeza de que não quero trabalhar em escritório nunca na minha vida.

domingo, julho 03, 2005

Ao Caio retornarás...

Ao som de Erik Satie.

" Dizque se você só planta uma espécie de coisa na terra por muitos anos, ela acaba morrendo. A terra, não a coisa plantada, entende? (...) Depois aos poucos vira deserto. Vão ficando uns pontos assim. Vazios, entende? Desérticos. Espalhados por toda a terra. (...) Assim como se você pingasse uma porção de gotas de tinta num mata-borrão. Eles vão se espalhando cada vez mais. Acabam se encontrando uns com os outros um dia, entende. O deserto fica maior. Fica cada vez maior. Os desertos não param nunca de crescer, sabia? "
Pela Passagem de uma Grande Dor

quarta-feira, junho 29, 2005

O Surto

Eu preciso ir na ginecologista descobrir o que é esse maldito caroço no meu seio esquerdo. Eu não quero morrer de câncer. Eu preciso fazer limpeza de pele. Eu preciso ir na dermatologista. Eu não quero tomar Roacutan. Me disseram que a pílula ia melhorar minha acne. E minha TPM. E minha cólica. Era tudo mentira. Disseram que eu ia ser feliz na vida e era tudo uma grande, uma imensa mentira. Eu achei que ia ter férias e era tudo uma puta mentira, também. Não tenho tempo de fazer merda nenhuma na vida, tenho uma porra dum trabalho de Teoria pra entregar e fico aqui escrevendo nesse blog porque estou em crise. Eu sou uma péssima atriz que não é capaz de dar uma merda dum texto numa cena qualquer. Eu vou ser avaliada em Expressão Vocal VII por um espetáculo no qual eu não falo. Eu tô na merda do quarto ano e nao sei se aprendi tudo que deveria. Eu queria prestar EAD, mas eu sei que não vou passar. Eu sei que enqanto eu não começar uma terapia eu nunca vou conseguir me equilibrar e eu nunca começo. Eu preciso voltar a trabalhar no centro, mas os horários não batem com os meus. Eu bati a merda do tornozelo, e ele tá inchado, e eu não sei qual o meu problema, nem porque eu vivo me estourando em todos os ensaios que eu faço na vida, nem porque tenho tanta doença, nem porque minha amigdala vive inflamando, e nao sara, nunca, nunca, nunca. Eu não sirvo pra dar aula, eu não sei lidar com criança, eu não tenho didática, eu sou insegura, eu nunca sei o que dizer, nem o que sentir, nem o que fazer, eu tomo decisões das quais eu me arrependo. Eu achei que dessa vez podia dar certo, mas não está dando. Não vai dar certo, não vai dar certo nem dessa vez nem de nenhuma outra, e eu vou morrer sozinha num apartamento e meu corpo vai ser encontrado pelo zelador cinco dias depois quando o cheiro começar a ficar muito forte, isso se eu conseguir pagar um apartamento que tenha zelador, eu tô cansada, eu tô cansada de tudo, eu queria ir embora daqui, eu queria morar na Europa, eu queria ser feliz, eu queria fazer alguma coisa útil pra alguém, eu queria ser mais sincera, mais sincera comigo, mais sincera com os outros, eu queria saber falar de mim, eu queria saber dar um abraço no meu pai, eu queria ter controle sobre tudo que acontece, eu queria morar mais perto da civilização, eu queria ser mais afinada, eu queria ser mais alongada, eu queria ser mais bonita, eu queria não chorar nunca mais por me olhar no espelho, eu queria não ter acessos de raiva aparentemente sem motivo ou importância, eu tenho inveja de quem é melhor sucedido do que eu, eu tenho inveja das pessoas burras e felizes e que não se importam, eu queria entender de política, eu queria entender de filosofia, eu queria não digitar catando milho, eu queria falar inglês, eu queria falar espanhol, e francês, eu queria saber escrever poesia, eu queria ser alguém na vida, eu queria ter almoçado lasanha hoje, eu vou sair daqui e vou pra casa e vou devorar todo o pacote de ouro branco que eu comprei ontem já sabendo que eu ia ter vontade de me afundar em chocolate porque essa semana eu estou muito, muito triste, tem um nó na minha garganta, e eu não estou nem um pouco a fim de fazer essa tristeza acabar porque eu estaria mentindo pra mim e eu cansei de mentir, cansei, tô de saco cheio, tirem-me daqui, tirem-me, eu não posso mais, Ólia, Ólia, tire-me daqui, ÓLia!!!!!!

terça-feira, junho 28, 2005

Frio

Frio, frio, muito frio.
Não deveria ser assim.

domingo, junho 19, 2005

Julho é o mês do stand-in.
As férias precisam chegar logo.
Eu quero ser o Ricardo Puccetti quando crescer.
As Três Irmãs das japonesas da dança-teatro são lindas.
Eu preciso decorar a Olga.
Dramaturgia é uma coisa terrível de se fazer. Pior ainda sem diretor.
O Armando é um sapo-boi desgraçado. Achei erroneamente que tinha superado minha birra com ele.
Ganhei Paixão Pagu de Dia dos Namorados e talvez agora eu consiga responder aos workshops com menos enrolação.
Dar aula pra criança é padecer no paraíso.
Preciso viajar! Pra onde?
Definitivamente odeio Teoria.
Enrolei muito o Fábio Cintra esse semestre. Meu Deus!
Preciso ser menos enrolada, menos estressada e mais organizada.

E se um dia tiver tempo prometo desenvolver cada um desses tópicos.

sábado, junho 11, 2005

Uma nova mulher

Fiz exame de sangue e nem desmaiei. Estou orgulhosa de mim mesma!

quinta-feira, junho 09, 2005

Maravilhosa quinta-feira de sol!

OK, então, vamos esquecer que o dia 09 de junho aconteceu.
Vamos todos fingir que eu não acordei cedo, que eu não atravessei a cidade pra ensaiar, que a piranha escrota não me fechou na Heitor Penteado, que eu não perdi minha carteirinha da USP, que eu não trabalhei sem o menor tesão depois de achar que ia perder meu emprego de vez, que eu não estou gripada, que meu ciático não está doendo, que eu não saí do Arte Domus sem receber, que eu não tenho rinite, que eu não tive que pagar a diferença do ingresso do Cnossos porque os filhos de uma puta de mangue do SESC não aceitaram que eu entrasse sem a maldita carteirinha, que eu não estou com milhares de coisas pra fazer até o fim do semestre, que eu não estou melancólica, e que eu não vou ter que desembolsar vinte reais pra mandar fazer uma carteirinha nova.
Pronto, vamos fingir que o mundo é lindo, que a felicidade existe e que o dia foi maravilhoso.Ai, que dia bom! Puta que pariu, que maravilha de dia! Deus queira que eu tenha milhares de dias como esse ao longo da vida!
Vamos viver, tio Vânia, vamos viver!

terça-feira, maio 31, 2005

Olha

Olha você tem todas as coisas
Que um dia eu sonhei prá mim
A cabeça cheia de problemas
Não me importo, eu gosto mesmo assim
Tem os olhos cheios de esperança
De uma cor que mais ninguém possui
Me traz meu passado e as lembranças
Coisas que eu quis ser e não fui
Olha você vive tão distante
Muito além do que eu posso ter
E eu que sempre fui tão inconstante
Te juro, meu amor, agora é prá valer
Olha, vem comigo aonde eu for
Seja minha amante, meu amor
Vem seguir comigo o meu caminho
E viver a vida só de amor

domingo, maio 22, 2005

Vide Bula

Nas informações ao paciente na bula da minha pílula anticoncepcional:

- Informar ao médico se ocorrer gravidez durante o tratamento.

Hein???

terça-feira, maio 17, 2005

O Dia 18 de Maio

...está chegando!!!
Pã-rã-rã!!!

domingo, maio 15, 2005

Downfall

Eu nunca pensei que choraria a morte de Hitler. Mas chorei. E acho que ainda estou muito em choque pra falar sobre isso.

sábado, maio 14, 2005

Entendam!

De uma vez por todas...
Não escrevo mais no blog porque não tenho tempo.
Na verdade, eu até tenho tempo, mas uso pra dormir. Ou pra viver. E não sei se blog é realmente uma forma de viver.
Caralho, que mania de sempre fazer comentários pseudo-profundos! Quem foi que me disse que eu tinha talento pra filosofia? Onde foi parar minha sensatez?
Mas voltemos à história do tempo.
Eu já estou chegando na crise do fim do semestre. Dessa vez eu acho que é pior, porque a ela se alia a crise do fim do curso. Meu Deus, eu só faço uma aula naquele departamento, e ainda assim não faço direito! Eu estou no quarto ano. Eu deveria estar fazendo TCC. Eu deveria estar estagiando, com grandes chances de ser efetivada assim que conseguisse a graduação. Eu já deveria ter ido fazer intercâmbio, curso de inglês, espanhol, alemão. Eu deveria levantar todos os dias as 5 da manhã, estagiar o dia inteiro, ir pra faculdade a noite e ter emprego garantido no futuro.
Mas eu faço faculdade de arte. Ah, é verdade, tinha me esquecido! Então eu dou aula em sistema de prestação de serviços, num colégio em que até agora o gerente administrativo está me enrolando e não me deu contrato pra assinar, e eu faço um infanto-juvenil também com um chefe que ainda não aprendeu o que é ética, e sendo assim eu posso estar sem emprego algum a qualquer momento. E todos os meus ensaios não são remunerados. E conseguir apresentar espetáculo com cachê não anda muito fácil ultimamente. Não é ótimo? Ah, sim, lembremos que julho está chegando e em julho não tem aula, não tem apresentação, não tem grana, não tem biscoitos!!!
Resumindo, abarrotada de trabalho e sem remuneração. Definitivamente, arte é a profissão do futuro!
Eu vejo aqueles adesivos de carros. Sem advogado não se faz justiça. Sem farmacêutico não há remédio. Consulte sempre um engenheiro. Se você pode ler isso, agradeça a um professor. Sem uma atriz não se faz... er... bem.. ahn... não se faz...?
Essa semana teve greve de atores. Você sabia disso? Ninguém sabia. Eu vi um informativo lá no mural da EAD. Companheiros atores modelos, vamos lutar por nossos direitos! Faremos uma greve nos dias 11, 12 e 13. Nesses dias, ninguém fará teste na cidade de São Paulo! Ninguém! Ninguém, ouviram bem? Ninguém!!!!!!
Sim, mas e daí?
No que eles achavam que isso ia dar? Congestionamentos na Rebouças? Filas nos pontos de ônibus? Carros populares fazendo lotação? Queda na bolsa? Cartazes nas portas dos bancos? Black-out geral? Pronunciamento do tio Lula? Amiguinhos do SATED, se fecharem todos os teatros brasileiros, só quem vai perceber são os mendigos que dormem nas redondezas. Vão perceber e vão adorar dormir com um pouco mais de paz.
É tragicômico. Exercer uma profissão que não tem nem direito de fazer greve. Aliás, eu trabalhei no dia 11. É, sou pelega. Gianfrancesco Guarnieri teria vergonha de mim. Mas que se foda. Ele tá lá ganhando dinheiro. Eu preciso ganhar o meu. E só não trabalhei na sexta porque o Sr. Falta de Ética que não sabe o nome dos atores e os chama pelo nome das personagens ligou pra avisar que a apresentação havia sido cancelada. Ainda bem que dessa vez ele ligou, né?
E se um dia ele ler isso, eu estarei mais na merda ainda. E porque eu insisto em colocar essas coisas num blog, meu Deus?
É o fim da privacidade! É o fim da minha paciência! É o fim do post!
E quem foi que me disse que repetir palavras deixam o texto mais legal? Preciso perder essa mania...


quinta-feira, maio 05, 2005

Finalmente!

Este é meu primeiro post com Speedy.
Depois de muita espera e muitos pitis.
Acabei de fazer em cinco minutos o que eu costumava demorar pelo menos quarenta e cinco.
Já li blogs, e-mail, orkut e etc.

Como não tenho mais o que fazer por aqui, vou dormir.

Minha vida com Speedy é um tédio.

Mas vou aguentar pelo menos um ano pra não pagar a multa.

quarta-feira, abril 27, 2005

A Pequena Gama

ou Lembranças de uma infância feliz e questionadora

- Mãe, como é que se faz sopa de açúcar?
- Como se faz o que, Fernanda?
- Sopa de açúcar. A receita do bolo que você está fazendo pede quatro colheres de sopa de açúcar...

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Última quarta-feira antes do feriado da Páscoa. Tia Nanci, a professora responsável pelo Pré A, entrega aos alunos os coelhinhos de páscoa pintados pelos alunos e recortados por ela, com a inscrição "Feliz Páscoa! 26.03.89" . Pequena Fernanda, aflita, aproxima-se da professora.
- Tia, hoje já é dia 26 de março?
- Não, dia 26 é domingo. Como a Páscoa é só domingo, eu coloquei a data de domingo.
- Quer dizer que o dia 25 ainda não passou, né? É meu aniversário! Ainda vai ter festa, não vai?

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TV ligada. Intervalo comercial. Propaganda de Danoninho.
Mamãe: Eu acho um absurdo passarem esse tipo de propaganda na TV. Tanta criança pobre que vê isso, mora na favela, fica com vontade e a mãe não tem dinheiro pra comprar. Uma maldade!
Fernanda: (pensando) Mas se a mãe teve dinheiro pra comprar a televisão, como pode não ter dinheiro pra comprar Danoninho? A televisão não é bem mais cara???

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- Quando eu comecei a ler historinha da Turma da Mônica, eles tinham sete anos. Já faz um tempão e eles ainda tem sete anos. O tempo não passa lá? Eles não fazem aniversário? E por que eles não usam sapato? Que esquisito.

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- Claro que eu sei falar inglês. É só dizer todas as palavras de trás pra frente. Acirbaf aruoset oigoler anitroc afos acenob!

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Momento A:
- Acho que os peixinhos me vêem comendo bolacha e ficam com vontade. Vou dar umas bolachas pra eles.
Momento B:
-Pai, por que todos os seus peixinhos estão boiando de barriga pra cima no aquário?

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- Hummm... acho que se eu colocar o tapete de borracha em cima do ralo do banheiro, a água não vai ter por onde sair e o box vai virar uma piscina.
(Obs: resultado= banhos de duas horas e recorde de 3cm de profundidade)

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BONUS#01 - do meu irmão

- Devem ser grandes essas Casas do Ramo. Vendem de tudo!

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BONUS#02 - da minha priminha

- Mas, mamãe, como é que você pode ser mais velha que o papai se ele é bem mais alto do que você???

domingo, abril 24, 2005

Os sonhos mais freaks sonhei...

E Bento XVI declarou a todos que estavam na Basílica de São Pedro:
- Eu entendo qual é o problema. O porquê da vida de vocês estar ruim. O que falta é um Papa na vida de vocês, por isso tanta tristeza.
E dito isto, todas as pessoas se emocionaram. E um cara saiu de um carro com um álbum de fotografias, um álbum grande, daqueles com capa dura, tamanho universitário, com fotos da vida toda, e o sujeito aliás parecia o Cassio Scapin, e imediatamente o Papa colou uma foto dele em cada uma das fotografias do cara. E de repente não só as fotografias como os outdoors e as propagandas de revistas, tudo, tudo tinha uma carinha de Bento XVI, no canto, um rosto de garoto maroto, se é que se consegue ter rosto de garoto maroto aos 78- vamos combinar que esse novo Papa também não vai durar, muito, né, minha gente- sempre vindo do canto, como que intrometido. E aí ele tocou um apito, e disse: sempre que sentirem tristes, toquem um apito e se lembrarão do Papa, e aí a vida vai voltar a ser boa.
E, subitamente, já não era o Papa, e sim eu quem estava rezando a missa, e eu já não tinha mais nenhuma lembrança do meu passado católico distante, e nem sabia como chamava aquela taça esquisita que eles colocam o vinho, e eu derramei o vinho todo pelo altar, e de repente já era uma sala cheia com meus alunos, muitos alunos, muitos, todos gritando e não me deixando falar. E aí o despertador tocou e eu fui assistir Aos treze que estava passando no Telecine e que aliás é uma bosta.

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Eu ando tendo muitas idéias. Sempre acontece alguma coisa e eu penso Puxa, isso devia ir pro blog. Mas eu chego em casa e estou sempre correndo, estou sempre fazendo coisas, e mal tenho tempo de ler meu e-mail, e nem orkut eu tô entrando direito- estou tendo umas abstinências fortíssimas- e como a conexão é discada conseguir postar alguma coisa tem sido uma luta, e aliás, um cara da Telefônica ligou dizendo que vai me dar o modem de graça como compensação pela demora na entrega do serviço, e aí disse que vai entrar em contato em cinco dias, e se ele não entrar eu vou ligar lá e dar piti de novo porque ninguém mais aguenta o ultra discador ibest 2.3, e eu acabei de descobrir que a música que eu pretendo usar na minha cena no ensaio de segunda, que eu estava certa que tinha num cd aqui em casa, não está nesse cd, e isso era só o que faltava depois de rodar em vão a 25 de março procurando bolinha de isopor daquelas de enchimento de almofada e depois de não encontrar a música-tema de Rocky- O lutador na minha coleção dos 100 maiores clássicos do cinema que eu ganhei do meu tio, e alguém pode me dizer como o tema do Rocky pode não estar entre os 100 maiores clássicos musicais do cinema???? Tem apresentação da Pagu na sexta, e eu acho que não vou poder fazer porque vou dar aula, e a próxima só no final de maio e isso não é nem um pouco bom pra minha conta bancária, e eu preciso comprar um all star novo que o meu já tá muito destruído, e eu preciso parar de gastar dinheiro também, e eu mandei a última inscrição do Urgência pra Blumenau, e eu espero ardorosamente que dessa vez a gente seja aceito porque é a única maneira que eu enxergo de pagar nossas contas, que aliás aumentam a cada SEDEX enviado, e porque eu já estou entrando numa super crise de meu-trabalho-não-é-bom, porque ninguém quer aceitar a gente em lugar nenhum, enquanto outras peças por aí, bom, eu não gosto de ficar falando mal do trabalho dos outros, na verdade eu adoro falar mal do trabalho dos outros, pelo menos desse tipo de trabalho, mas essa não é uma coisa que eu vou fazer aqui, na internet, abertamente, com link no Orkut pra que qualquer um possa ler e pensar coisas a respeito, digo, a meu respeito, e eu entrei em mais um projeto essa semana, e eu estou fazendo milhares de coisas, e a lista que eu deixo aqui do lado do computador com tudo que eu tenho que resolver aumenta a cada dia, e nada nunca é resolvido, e eu não vou ao Centro há meses, e eu preciso escrever o texto lá pro evento dos 30 anos, e eu preciso falar com o Fábio Cintra antes que ele me reprove de vez, e eu não quero ficar mais um ano na faculdade, e eu preciso ligar pra Lícia, e eu preciso conversar com o Leo, e eu preciso conversar com a Heleninha- e esse pessoal que lida com a contemporaneidade é bagunceiro- e depois, quando eu digo que sou o caos criativo, ninguém acredita!!!

segunda-feira, abril 18, 2005

Post sobre um ano de blog

Pronto. Publicado. Eternizado.

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- Em que posso ser útil, senhora?
- Eu pedi instalação de Speedy há mais de um mês, e até agora, nada. Quero saber o motivo da demora.
- Um momento, senhora.
(...)
- Senhora, o Speedy ainda não está disponível para sua região.- Como não está disponível? Se não está disponível, por que a Telefônica entrou em contato comigo me oferecendo o Speedy?
- Um momento, senhora.
(...)
- Senhora, o ponto (?) está disponível, mas o IP(?) para instalação do Modem ainda não (??????).
- Quer dizer que mesmo que eu tivesse aceitado a proposta que VOCÊS me fizeram, entrando em contato comigo como se eu NÃO tivesse contatado o Speedy anteriormente, eu NÃO teria Speedy ainda na minha casa?
- Senhora, entrarei em contato com a empresa responsável para regularizar a situação.
- Ah, você vai entrar em contato AGORA para regularizar a situação? Um mês e meio depois?
- Sim, senhora. A situação costuma estar regularizada em no máximo 15 dias.
- Ah, tá, 15 dias? 15 dias de verdade? Porque o último 15 dias que a Telefônica me deu como prazo já dura mais de um mês e meio...
- Estará regularizado em 15 dias, senhora.
- Certo. E se não tiver, eu posso processar a Telefônica?
- Isso seria um procedimento tomado pela senhora, mas eu não recomendo esse tipo de ação, senhora. A senhora tem mais alguma dúvida?
- Não, dúvida nenhuma.
- A Telefônica agradece sua ligação, tenha uma boa tarde, senhora.

EU ODEIO BUROCRACIA! EU ODEIO MULTINACIONAIS! EU ODEIO ATENDENTES IMBECIS DE TELEMARKETING QUE FALAM COM TEXTO DECORADO! EU ODEIO QUE ME CHAMEM DE SENHORA! E EU QUERO O TELEFONE DO PROCON. VÁ TOMAR NO CÚ, TELEFÔNICA FILHA DA PUTA. E VÊ PAGA UM CURSO DE DICÇÃO PROS SEUS ATENDENTES.
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Resposta à minha própria ira:
E quem gosta??? Eu odeio burocracia, eu odeio atendente de telemarketing, eu odeio pernilongo, eu odeio filme ruim, eu odeio peça monótona...

sexta-feira, abril 08, 2005

Uma experiência pedagógica

Uma turma só, de 1º a 4º série, porque ninguém dos outros anos se interessou, a não ser uma menina da 5º que foi enfiada junto com os demais, por total falta de opção, afinal de contas ninguém merece passar uma hora dando aula de teatro pra uma pessoa só. Tudo bem que a menina tem 11 anos, e seria lindo fazer com ela uma montagem de Valsa nº 06, o monólogo para mulheres mais montado na história da humanidade, o clichê dos clichês das meninas que querem fazer teatro e não tem amigos nem outras idéias.
Resumindo, aulas de terça e sexta, das 12h10 as 13h10, pra uma turma que começou com 14 aluninhos, e como já era de se esperar já teve duas desistências confirmadas e uma quase certa, já que o aluno nunca mais apareceu desde que virou o mês. Tendo em vista que, de acordo com o método de trabalho do colégio, a aula de teatro é feita em caráter extra-curricular, o que faz com que os alunos tenham que pagar a aula à parte dos 400 e poucos reais que eles já devem pagar de mensalidade, fora uniforme, perua, lanchinho, aula de educação física, convênio com cultura inglesa e estojo da moda pra ser aceito pela comunidade de crianças burguesas, e levando em conta que professor de aula extra-curricular recebe por aluno, descontando-se 20% que ficam pro colégio pagar água, luz, banheiro, telefone, xérox, ventilador e te extorquir um pouquinho, chega-se a seguinte conclusão: quanto menor a turma, menor o salário, e dessa forma a cada vez que um aluno sai da sala eu vejo muitas notas de reias indo embora junto com ele.
Alunos enlouquecidos para montar uma peça, uma peça, uma peça, Tia, é hoje que você vai dar peça? Tia, a gente vai montar peça de verdade, tia, tia, tia, posso beber água, tia, o Diego me chutou, tia, vou no banheiro, Tia, Tia, que horas são, Ah, Tia, já acabou a aula? Tia, deixa eu fazer a Bela Adormecida, deixa, deixa, por favor, por favor, Tia, a Mariana pisou na minha mão e eu não fiz nada pra ela, ai, Tia, como você é chata, nossa, Tia, deixa eu ver sua unha, que bonita, Tia, pra que serve esse exercício? Isso não tem nada a ver com teatro! Tia, você vai distribuir as personagens hoje, eu quero fazer a protagonista, se for Gato de Botas eu não faço, todo mundo quer brincar e ele não quer, Tia, manda ele parar, manda, manda ele parar, ai, ela tem que fazer a bruxa, olha a cara feia de bruxa que ela tem, Tiiia, a Letícia me chamou de bruxa, Tiiia, AAHHHH, CALEM A BOCA, CRIONÇAS MALDITAS!!!!!!!
Lembrete para as próximas aulas: instaurar o Sininho do Silêncio ou o Apito da Obediência ou a Gaitinha Mágica de Prestar Atenção ou a Palmatória da Dona Margarida. Peter Pan ou Mágico de Oz? Peter Pan ou Mágico de Oz? Peter Pan ou Mágico de Oz? Já sei, Alice no País das Maravilhas. Mas, tia, deixa eu fazer a Bela Adormecida, deixa, deixa, por favor, por favor?
Professora Fernanda, tem uma mãe de aluno na secretaria querendo conversar com você, ok, queridos, se dividam em grupos e façam esse exercício que eu vou na secretaria um instante, e meu filho saiu da sua aula e atravessou a rua sozinho, e ainda por cima foi assistir as aulas sem almoçar, ele reclamou que estava com fome, e elé só tem 7 anos, isso é um perigo, onde é que já se viu? e por pouco, muito pouco, não se ouviu um Minha senhora, tenho cara de guarda da CET ou copeira??? Me diz uma coisa, é pra isso que eu estou há três anos naquela merda daquela USP respirando, comendo e cagando teatro?
Tudo bem, tudo bem, eu posso sobreviver, é só uma mãe burguesa que nem sabe o que é Arte, será que ele se importa com o que o filho dela aprende em sala de aula também? Será que a coordenadora e a diretora realmente leram o projeto do curso que eu demorei horas pra elaborar e enviar achando que meu emprego dependia disso? Tudo bem, voltemos pra sala e, CAOS, CAOS, CAOS, CAOS, CAOS, CAOS, CAOS, CAOS, CAOS, CAOS, CAOS.
Vou dar a idéia de mudar de prédio, pra não ter esse problema, e a auxiliar diz que vai levar a sugestão pra coordenadora, e a coordenadora, uma semana depois, vem me dizer que andou pensando, e que nós tivemos alguns problemas com os alunos em relação a ter aula no outro prédio, e eu achei que seria melhor se você viesse dar aula nesse prédio, porque realmente não tem motivo pra você dar aula no outro prédio, não sei de onde você tirou a idéia de dar aula no outro prédio...
Lição nº 01, pai de aluno sempre tem razão;
Lição nº 02, seu chefe sempre tem idéias geniais;
Lição nº 03, que mané didática o quê, o negócio é tocá o putero.
Lição pra vida, manter o maior número de alunos possível pelo menos até o dia 15 de outubro.
Tudo isso tem que ter uma compensação, além de você ter um salário que apesar de baixo, é garantido no final do mês, de no fundo do seu coração adorar dar aula e de sempre ver um recadinho na lousa quando você chega na sala:
Boa tarde! XX de XXXXX de 2005. Tia Fernanda, você é D+, eu adoro você! Beijos da XXXXX

segunda-feira, abril 04, 2005

Humor negro

O PAPA É PÓ...
O PAPA É PÓ...

Só pra não perder a piada... talvez eu perca meu lugar no Céu, mas quem liga?

quarta-feira, março 30, 2005

Burrice pouca é bobagem...

É a sensação do momento. Daqui eu posso ver os jornalistas se estapeando, po favor deixem eu ir dessa vez, você já foi na semana passada, jogando no palitinho, apostando, eu pensei numas perguntas ótimas. Posso ver o vencedor da semana, emocionado, carregando seu bloquinho de notas e sua máquina fotográfica, indo encontrar o entrevistado da semana e pensando: Puxa, hoje eu consigo piada pro mês inteiro.
Quase uma terapia! O sujeito colocando pra fora todo o sarcasmo acumulado em uma vida inteira numa redação sendo chamado de estúpido. Muito prazer. Pérolas incríveis.
Do mesmo lugar de onde saiu a maravilhosa entrevista do maravilhoso diretor Paulinho Vilhena, temos:


A paulista Sabrina Sato faz há um ano e meio o papel de burra no programa pânico, da RedeTV!. Na semana passada, ela comeu minhocas e baratas no ar. SAbrina contou à repórter Heloisa Joly como se sente nesse papel:

Veja- Comer barata e minhoca não é humilhante?
Sabrina- Não tenho pudor. É tudo pelo profissional. Aliás, nem foi nojento. Minhocas têm gosto de terra.

Veja- Há quarenta anos as feministas combatem a imagem da "burralda gostosona", como sua personagem.
S- Mas eu sou parecida com ela. É assim que sobrevivo num programa de homens. Não quero mostrar que sou inteligente.

V- Como você definiria a inteligência?
S- Inteligência é usar um talento nato em benefício próprio. Eu uso o meu.

V- Qual é o seu talento nato?
S- Minha segurança está na beleza, não no intelecto. Por isso botei silicone.

V- E quanto ao cérebro?
S- Nesta fase da vida, não preciso ser inteligente. Mais para a frente, quem sabe? Quando estiver caída, vou virar intelectual.

V- Intelectual?
S- É. Ainda não tenho um projeto, mas a vida é cíclica. Ora estamos por baixo, ora estamos por cima. Para estarmos por cima, já tivemos de estar por baixo. Nossa, estou filosofando!

V- Isso já lhe aconteceu antes?
S- Tenho papos-cabeça. Falo da evolução do homem e até de ciência.

V- Evolução, ciência?
S- Ih, já estou me enrolando.

Não me dei ao trabalho de comentar muito, perda de tempo.
Com tanta atriz talentosa no mundo, o Pânico me contrata isso aí.
A vida, pra quem faz teatro, não anda muito fácil, não.

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- Senhor José Serra, senhor José Serra! O senhor não pode acabar com a Lei de Fomento. A produção teatral da cidade depende disso. Tudo bem, não podemos negar que o dinheiro está sempre nas mãos dos mesmos grupos, mas nesse caso o senhor precisa pensar em uma política nova, que divida melhor a verba, e que dê oportunidades pra grupos que estão começando, grupos que tenham uma produção de qualidade e que não tenham o apoio da Petrobrás. De qualquer modo, essa verba deve ser entregue. Se o senhor tira essa verba dos grupos, eles terão que aumentar o preço dos ingressos, ou não terão condições de se manter. São esses os grupos que produzem arte verdadeiramente nesse país. As produções comerciais por aí nunca mostram nada de útil, os ingressos são caríssimos, as opções de espetáculos gratuitos na cidade são pouquíssimas. O senhor está tirando a oportunidade de dar cultura ao povo. Uma cidade como a nossa deve ter mais opções, mais acessíveis à população. Não se pode educar um povo culturamente só pela Rede Globo, senhor José Serra. Cada vez mais o povo deixa de frequentar exposições, peças e manifestações artísticas em geral, e isso só demonstra o quanto o nosso país ainda é pobre em investimentos e incentivo à cultura. E isso deve partir do governo, senhor. Cultura é qualidade de vida, e o governo deve elevar a qualidade de vida. Essa cidade te elegeu, senhor José Serra. O senhor não pode tirar deles nenhuma forma de lazer. Isso demonstra nosso estado quase irreversível de miséria, de desigualdade, de terceiro mundo. Que tipo de pólo multicultural São Paulo deseja ser, com esse tipo de atitude tomada pela Secretaria da Cultura? O povo precisa disso, senhor, principalmente a população de baixa renda, principalmente aqueles que não tem condições de pagar 40 reais por um ingresso. E não são poucos. E quantos aos atores, desempregados? E quanto às crianças que não aprendem nada sobre arte nas escolas da rede pública? Falta de cultura aumenta a violência! As crianças precisam ir ao teatro, os adolescentes precisam ir ao teatro, os adultos, a terceira idade, todas as classes, o que será desse povo sem cultura teatral? Senhor José Serra, a população, sem a lei de fomento, não tem mais como ir ao teatro!
- Se não tem teatro, que assistam cinema.
- Mas, senhor,eles estão fazendo manifestações e...
- Distribui esses genéricos de Aspirina aqui que eles ficam bonzinhos.

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E de repente, um dia, você acorda e pensa: Puxa, eu estou tão feliz!
Será que eu vou me acostumar com isso???

terça-feira, março 22, 2005

Na era pós-Orkut

... você já recebeu algum cartão virtual??? O que terá acontecido ao Emotioncard, ao Yahoo!cartões, Voxcards, O Carteiro, desde a invenção dos scraps? Aliás, e aqueles e-mails com questionários, do tipo "conheça seus amigos"? Aqueles que você responde seu prato preferido, sua cor favorita, qual a primeira coisa que você pensa ao acordar... isso ainda existe? Logo isso será tão antigo quanto as correntes por carta que eu recebia quando era pequena. É a modernidade...

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Tenho cara de palhaça?Eu acho que não, mas pelo jeito esta não é uma visão unânime a respeito do assunto...

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Juro que me emocionei com Pink e Jean no paredão. Eu digo que é a melhor novela que a Globo já exibiu. Viva o merchan!

sexta-feira, março 18, 2005

Os textos acumulados das últimas semanas


" E saudade é só mágoa por ter sido feito tanto estrago" RR

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E, finalmente...

M- Vai fazer o quê?
G- Pé e mão.

(...)
M- Já escolheu a cor?
G- Esse vermelho aqui.
M- Ai, que bonito, você já trouxe de casa, então?
G- É.
M- Vai ficar bom, você tem esses dedos e unhas compridos...

(...)
M2- E você,querida, continua fazendo?
P- Não, agora eu não faço mais, não muito. Eu arranjei namorado. Ele me dá dinheiro, então, nem preciso mais fazer.
M2- Ah, namorado assim é que é bom.

(...)
Toque de celular: Tô nem aí, tô nem aí... pode ficar com seu mundinho...
P- Alô?... sim, sou eu... tudo bem, querido? ... isso... moro em Vila Formosa...hoje, que horas? ... a partir das sete estou livre...pode ser... é o seguinte, eu não tenho local próprio, eu atendo em casa, ou então em hotel... tem um aqui perto, o Tunísia... não, é legal, fica tranquilo... OK, então, é o seguinte: uma hora é 100, duas horas é 150... ok, até lá, então... um beijo!

(...)
P- Vou trazer minhas fotos qualquer dia pra você ver.
M2- Traz sim, ficaram boas?
P- Ah, ficaram... engraçadas.
M2- Mas era pra ser engraçada?
P- Não. Não é que ficaram engraçadas, ficaram bonitas, mas é engraçado a gente se ver desse jeito, né?
M2- Ah, deve ser. Eu nunca me vi desse jeito.
P- Pois é. Mas estão boas. Só não mostra o meu rosto.
M2- Ah, não aparece o rosto?
P- Não, imagina. O rosto, não! Só o corpo.

(...)
C- Tô nem aí, tô nem aí... não vem falar dos seus problemas que eu ...
P- Alô? (...) em casa ou em hotel... aqui perto... uma hora é 100... isso, a partir de que horas? ...Ok, um beijo...

(...)
G (pensando)- Hummm... duas horas, 150... dois programas por noite... 300 por noite.. vezes cinco dias por semana... contando que tem dois dias de folga, se não ninguém agüenta... 1500 por semana... por mês... 6000 reais!!! Será que tem algum gasto extra ou será que esse valor é líquido?
(...)

M2- E então, já escolheu a cor?
P- Eu queria algo mais escuro hoje... não sei ainda...
M2- Tem esse vermelho. Ou então, esse chocolate aqui. Com cintilante fica super bonito.
P- Ah, vou querer o chocolate, então. Eu não uso esmalte vermelho. Não gosto. Acho muito vulgar, meu pai sempre disse que mulher de esmalte vermelho é vulgar.
M2- Ah, depende da mulher...
P- É, então, em mim nem fica tanto, eu tenho unha pequena... quem tem unha grande que fica feio.. mas passa o chocolate mesmo.
(...)
M- Nossa, gostei desse vermelho. Ficou bom, né?
G- É, ficou. Mas passa mais uma camada, faz favor.

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É isso, o négocio é a praticidade.
O primeiro ensaio é na segunda, o ensaio geral é na terça, a estréia é na quinta-feira. Pra que mais?
Que venha logo o cachê pra saciar minha sede de atriz capitalista burguesa ainda sustentada pelos pais...
Aliás, no último mês eu consegui dois empregos. Até que o Inferno Astral não está tão ruim assim... pelo menos no quesito relações profissionais.

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- Bom, você já ouviu falar em Roacutan?
- Sim, doutora.
- O Roacutan é indicado em dois casos. Quando a acne é muito grave, aquele tipo de acne que a gente nem discute ( que é isso, doutora, que termos são esses? ) e num caso como o seu, de acne leve, mas persistente.
- A-hã.
- Se eu te passar qualquer outra medicação,mesmo antibiótico, sua pele vai melhorar, mas assim que você deixar de usar, tudo vai voltar. Ainda mais em período pré-menstrual, ou se você tiver algum outro problema hormonal.
- Sim.
- Mas o Roacutan é definito, porque vai atrofiar suas glêndulas sebáceas. O problema é que o tratamento é um pouco caro. Quanto você está pesando?
- 55 kg. ( Sim, 55, viva a balança de banheiro! )
- Então, calculando pelo seu peso... você vai gastar 150 reais. O tratamento dura seis meses. Seu lábio vai ficar ressecado, mas eu te passo a medicação adequada.
- OK.
- Então, você vai precisar fazer exame de sangue antes de iniciar o tratamento ( Ih, pronto, lá vou eu desmaiar de novo... ). E tem outra coisa muito séria... você não pode engravidar de jeito nenhum. O remédio faz a criança nascer deformada.
- Tudo bem, doutora.
- Você toma pílula anticoncepcional?
- Não...
- Usa camisinha, então?
- Não se preocupe, doutora.
- Você tem vida sexual ativa?
- Relaxa, doutora... faz o pedido do exame, faz...
- Quando foi sua última relação?
- Ai, a gente precisa mesmo falar sobre isso?


segunda-feira, março 14, 2005

Esta é meu Outro Eu ou Parte II

Antes de publicar outro conto do Caio Fernando Abreu pra encher lingüiça e não ter que perder tempo escrevendo, gostaria de fazer cinco considerações sobre meus amigos:

nº 01 - Eles sabem o que pode me deixar mal
nº 02 - Eles são superprotetores
nº 03 - Eles fizeram treinamento ninja
nº 04 - Eles são discretos
nº 05 - Eu os amo mais que tudo.

E é só o que vou comentar sobre a noite de sexta. Agora, à picaretagem.

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3 X 4: Liége

Sou morena e magrinha, mas não como qualquer polinésia, como queria Cecília, e também nada tenho de Oriente: sou mais britânica na minha morenez, sou mais Brontë, qualquer das três. Meu pequeno coração foi gestado numa áspera charneca, gasto os invernos tentando descobrir infrutífera um caminho qualquer sobre a neve capaz de transformar todos os caminhos num único descaminho gelado e sem porto, tivesse nascido cem anos atrás me fanaria em brancas rendas e hemoptises escarlates, menos por doença que por delicadeza, insuportáveis que são para meus olhos os escapados penedos das tardes ou a luz clara do meio-dia, envolta em penumbras que amenizassem o duro contorno das coisas viventes, assim me fanaria, com a magra mão translúcida estendida para o aro metálico dos óculos pousados sobre a capa de couro de um romance antigo, cheio de paixões impossíveis. Frente ao espelho, é com recato que tranço meus longos cabelos, enquanto a ponta de meus frágeis dedos de unhas curtas, às vezes roídas, acariciam o roxo das olheiras, herança de solitárias insônias. Depois busco um lugar junto à janela, pouso o rosto sobre uma das mãos e com a outra vou traçando riscos tristes pelas vidraças sempre embaçadas, por vezes grafo nomes de lugares e gentes que nunca conhecerei, sóis fanados atrás de nuvens débeis, flores doentias, estrelas opacas, talos quebradiços, plátanos desfolhados, olhos profundos, rostos apoiados em mãos magras como as minhas, identifico enquanto meus dedos riscam e riscam e riscam sem parar o inefável. De mancebos e malícias pouco sei, meu precário aprendizado da carne limita-se àquela gosma gelada que um estudante certo dia depositou entre minhas coxas virginais, contra um muro descascado e cheio de brutais palavrões gravados a prego, numa sépia tarde outoniça. Até a chegada das regras seguintes, temi que houvesse plantado sua áspera semente dentro de mim, e de cada vez que cerrava as pálpebras tornava a sentir seu bafo de fera no cio contra meu colo pálido, as pedras do muro ferindo minhas espáduas, a vergonhosa corrida com as meias soquete desabando sobre os sapatos de verniz, os inúmeros banhos e todos os perfumes, todas as colônias, sabonetes, essências que passei pelo corpo para arrancar de minha pele aquele cheiro descarado de animal. Prefiro os cheiros fanados, as rosas quase murchas, e nos transes mais dolorosos sempre fui eu a banhar os cadáveres familiares, cortando-lhes os cabelos e as unhas com infinito carinho, de certa forma meus mortos todos foram também meus filhos quando os polia esmerada para que são Pedro não lhes pusesse defeito ao bateram às portas celestes, que nada teriam contra mim no Reino dos Céus até a minha partida que, rogo constantemente, há de ser breve. Mas até hoje persiste o cheiro, embora na chegada do fluxo tenha me embriagado feito demente naquele sangue que assegurava a permanência de minha pureza, deixei-me sangrar durante várias horas, empapando lençóis e roupas íntimas, até estar segura de que nem a mais ínfima gota de líquido vital daquele selvagem havia maculado minhas entranhas: eu as reivindico brancas como o linho das fronhas, como o cretone dos lençóis, como a renda destas cortinas que o vento sopra contra as violetas nessas tardes em que o sol demora a partir e o céu inteiro tinge-se de lilás. Não, não ofereço perigo algum: sou quieta como folha de outono esquecida entre as páginas de um livro, definida e clara como o jarro com a bacia de ágata no canto do quarto- se tomada com cuidado, verto água límpida sobre as mãos para que se possa refrescar o rosto, mas se tocada por dedos bruscos num segundo me estilhaço em cacos, me esfarelo em poeira dourada. Tenho pensado se não guardarei indisfarçáveis remendos das muitas quedas, dos muitos toques, embora sempre os tenha evitado aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia, e mesmo assim insisto- meus gestos e palavras são magrinhos como eu, e tão morenos que, esboçados à sombra, mal se destacam do escuro, quase imperceptível me movo, meus passos são inaudíveis feito pisasse sempre sobre tapetes, impressentida, mãos tão leves que uma carícia minha, se porventura a fizesse, seria mais branda que a brisa da tardezinha. Para beber, além do chá com une larme de lait, raramente admito um cálice de vinho, mas que seja branco para não me entorpecer, e que seja seco para não embrasear em excesso minha garganta em ardores que, temo, poderiam descontrolar-se além do limite imposto pela pudicícia, e para vestir,além do branco absoluto, admito apenas o cinza e o bege, raramente o preto, demasiado dramático para quem busca integrar-se ao fundo, não destacar-se, poucas vezes ouso o bordô, contudo me agrade o sangue coagulado de seus tons, lembrando dores para sempre pacificadas na sua estagnação, e nunca me atrevi aos azuis, iluminados demais para minha severidade. Nas folhas que datilografo como secretária, os chefes jamais detectaram uma rasura sequer, uma violação de margem, um toque mais nítido ou esmaecido, sou sempre precisa, caracteres negros sobre o branco impecável, e isso é tudo. Recebo modesta os elogios, vou duas vezes ao banheiro cada dia, ao chegar e ao partir, quando não tenho serviço cruzo os braços sobre o busto escasso e simplesmente permaneço, existo mais profundamente assim, quando silente, ou abro discreta certo livro de poemas líricos para saborear algum verso enquanto contemplo as alamedas estendidas atrás das janelas. Mas desde que, há duas semanas, uma cigana desvendou as fracas linhas das palmas de minha mão, pouco sossego encontro até em meu próprio sossego: dois amores, ela apontou, um já passado, e com amargura localizei na memória aquele sôfrego estudante, e outro em breve por chegar. Desde então, me desconheço. Abreviaram-se-me as idas ao banheiro para molhar os pulsos e os lóbulos das orelhas, animando a circulação que se me estanca nas veias, por vezes olvido a torneira aberta e surpreendo-me a odiar minhas próprias tranças, as manchas roxas sob os olhos e tudo que me torna assim, fugaz. Mal posso conter um susto investigando o porte de cada homem que se aproxima, em cada esquina que dobro, em cada ônibus que tomo para ir e vir, sinto que busco o prometido e me detesto por essa inquietação febril, pelo amor que desconheço e mal consigo supor, tão parca é minha vida de memórias ou medidas. Esforço-me por dar-lhe pinceladas tênues, não me atrevo aos óleos nem aos acrílicos, é nos guaches e sobretudo nas aquarelas que procuro o verde esmaecido de sua tez, mas por vezes alguma coisa se alvoroça e me surpreendo alucinada, incontrolável, a chafurdar em tintas fortes, berrantes, cores primárias, formas toscas, símbolos sensuais, e é então que mergulho em banhos gelados no meio da noite para apaziguar a carne incompreensível, fremente qual Teresa d´Ávila, afogada entre lençóis, as palavras da cigana me embalando feito uma berceuse, imagino se não será o próprio Senhor este que se aproxima, e não conheço. Em cada junho, sei que não suportarei o próximo agosto, me debato elaborando aquela futura tarde gris para encontrá-lo- não aqui, entre torpezas, mas numa outra dimensão de luz maior, além de meu próprio corpo, irmão-burro aprisionado pelos instintos, num espaço discreto e contido como eu mesma venho sendo através destas quase três décadas que, álgida, sobrepujei. Sobrevivo a cada manhã quando, cruzando as portas e corredores que me conduzem às ruas intermináveis, imagino sempre que sou invisível para cada um dos que passam. Ninguém suspeita de meu segredo, caminho pelas calçadas, olhos baixos para que minha sede não transpareça: ah sou tão morena e magrinha que ninguém me adivinha assim como tenho andado- castamente cinzelada no topo deste morro onde os ventos não cessam jamais de uivar, tendo entre as mãos, como quem segura lírios maduros dos campos, uma espera tão reluzente que já é certeza.

quarta-feira, março 09, 2005

Acredite, esta sou eu

Estou sem muita inspiração. A não ser para escrever aquilo que todos que convivem comigo já estão cansados de saber, afinal toda música, todo conto, toda frase e toda imagem me diz respeito ultimamente. E, enquanto não encontro tempo nem paciência pra contar de maneira decente a história das minhas unhas vermelhas (calma, um dia todos compreenderão), vou colocar um conto (obviamente dividido em duas partes, a fim de prolongar meu período de recesso) , do Caio Fernando Abreu, este escritor que escreve sobre mim com muito mais talento do que eu.

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Fotografias

18 X 24: Gladys

Sou uma loura trintona e gostosa, dezoito por vinte quatro, como se dizia antigamente, mas só repito essas expressões comigo mesma, aprendi que a gente entrega o tempo em lembranças assim, por isso sempre contenho o susto que me afoga o peito quando por acaso escuto Anísio Silva, Gregório Barrios, Lucho Gatica, porque além de trintona e gostosa sou também moderna e extrovertida. Daquelas louras que permanecem até o fim e o depois de qualquer coquetel, e há tantos coquetéis e tantos principalmente depois de coquetéis na minha vida, sempre repito ao espelho passando as bem tratadas mãos de longuíssimas unhas ciclamens pelas fartas curvas perigosas da opulenta carne que Deus me deu, e só ele sabe a quantas duras e caras penas mantenho firme e fresca. Sou uma loura coquete que adora coquetéis, onde costumo degustar dulcíssimos martínis com cerejas, jamais com azeitonas, detesto o amargo, minha boca de insuspeitadas próteses foi feitas apenas para saborear doçuras e todo dia, com as impecáveis unhas ciclamens, bato veloz nas teclas de minha IBM de secretaria eficientíssima, a coluna muito ereta, realçando o arrogante relevo do busto que, em idos tempos, já mereceu a disputada faixa de Miss suéter, acentuado ainda mais pelas malhas justas nem sempre decotadas, pois aos poucos a vida foi me ensinando que a luxúria reside menos na exibição integral do que naquela breve nesga de carne mal-e-mal vista entre a luva e a manga, e tenho meus sutis pudores: cruzo as pernas ardilosa, para que esse instante fugaz em que minha intimidade quase se revela por inteiro seja feita mais de ardentes expectativas do que de cruéis certezas. Não fui jamais uma loura óbvia demais, embora tenha estado sempre e por assim dizer à tona de mim mesma, em meu longo conhecimento dos homens descobri astuciosa que, no primeiro roçar de pupilas, é preciso prometer absolutamente tudo mas, no prosseguimento desses furtivos rituais, sei esmerar-me em caprichos lânguidos e débeis negativas,de forma que, quanto mais me esquivo, mais prometo, e mais abundante, se é que me entendem- cada não saído de meus cristalinos dentes equivale a dois, dez, duzentos sins, but not now; te daria já uma turmalina, mas te darei mais tarde uma urna de diamantes. Sou uma loura facílima, e por isso mesmo extremamente difícil, minhas obviedades possuem mapas complexos, os inúmeros x apontando o local exato do tesouro são quase todos falsos, eivados de selvas emaranhadas, lagos barrentos infestados de piranhas, crododilos famintos, pigmeus vorazes, caçadores de cabeça, tigres enfurecidos, ninhos de serpentes, pestes tropicais, febres malignas, curares e tisanas. Mas para o bom caçador, e aprendi também a importância de deixar o caçador supor-se caçador quando na verdade é o caçado, eu, pantera astuciosa de garras afiadas, andar felino, ferocidades invisíveis, mas como ia dizendo- sou também uma loura labiríntica em suas próprias tramas, tão densas que freqüentemente surpreendo-me atingindo o ponto oposto ao de minha rota anterior, um bom caçador-caçado sempre sabe como chegar direto ao próprio x que nem sempre é remoto, mas só os mais astutos percebem que o x, em vez de perdido entre incontáveis perigos, pode estar à beira do mais manso dos regatos, à sombra da mais florida cerejeira, no mais fresco desvão do mais fértil dos vales. Para estes, cedo, para estes, quase sem hesitar, escancaro minhas coxas de cetim e sou guia experiente em todos os passos que conduzem aos segredos de minha licorosa caverna, para estes acendo as luzes dos meus adentros, faço com que as sombras deixem de ser ameaçadoras para tornarem-se macias penumbras, veludosas alfombras distendidas com cuidados extremos para secar o suor e matar a sede dos bravos viajantes, extenuados pelo esforço de manterem eretas suas rijas armas de fogo nos roteiros por minhas intrincadas entranhas. É verdade que por vezes me perturbo tentando localizar entre esses o Grande Descobridor, qual América em sua nativa solidão virginal, impaciente pelo Colombo que a revele de vez para o mundo, explorando-a até o derradeiro veio de ouro para torná-la escrava cativa, serva humilhada dos mais brutais colonialismos, e para esse me preparo, para esse me burilo e me lapido esmerada- e sei que virá. Há duas semanas uma cigana localizou dois sinais, dois amores entre a minha linha do coração e o solitário sintético do anular esquerdo, um já vivido, afirmou, e logo lembrei daquele inábil escoteiro que em tempos imemoriais, inconfessáveis sob pena de revelar um coração já marcado pelas intempéries da existência, deixei que ensaiasse em minha exuberante geografia seus hesitantes primeiros passos, e após trinta e seis meses de proveitosa aprendizagem permiti que partisse, disseminando por outras paragens toda a sabedoria que, com trágica paciência e dilacerada alegria, concedi que extirpasse de mim, pois sempre soube ser eu, loura febril, nada mais que a primeira, jamais a derradeira, jamais a única entronizada em santa e mãe de filhos, a escolhida de seu esplêndido e insaciável ventre juvenil. Chafurdando em abissal melancolia na crise que se sucedeu, mergulhada em fugas barbitúricas, oceanos de gim, telefonemas noturnos em desespero, oceanos de gim, telefonemas noturnos em desespero, perambulações sedentas por todas as vielas pecaminosas do prazer, jurei solene aos pés de Oxum jamais voltar a ser como que progenitora de meus protegidos, preparando-os para a existência e, após, quedando em frenético abandono. Mas o segundo, a unha da cigana riscou forte a linha junto à base de meu dedo mínimo, o segundo chegará nos próximos meses e será sim ele, adivinhei, o Grande Descobridor, o tão sabido que nada terei de ensinar-lhe, e tão sabida eu mesma em todas as lições que já prestei que nada terei a aprender de si. Seremos, ele e eu, infatigável troca de prazeres, tilintar de cintilantes cristais em brindes com champanhe fervilhante de luxúria, línguas divididas na volúpia, corpos ensandecidos na selvageria dos gestos mais furiosos, e mais amenos, entre suores, gemidos e secreções de líquidos pujantes feito cachoeiras tropicais, sete quedas, sete orgasmos terei eu cada vez que me engolfe náufraga em sua ejaculação amazônica. Por ele espero, monja voraz, e desde que a cigana me desvairou assim investigo os volumes, os cheiros, os pêlos de todos os homens que ousam aproximar-se do covil desta pantera, receando então que uma excessiva ansiedade no fundo das castanhas luas gêmeas de meus olhos possam evidenciar uma sede demasiada para suas viris misoginias. Pelos inúmeros coquetéis por onde tenho desfilado meus ardis, observo em desprazer e apreensão meus desbragamentos cada vez mais freqüentes nos dulcíssimos martínis, e triturando a polpa das incontáveis cerejas temo explodir os limites de meus dezoito por vinte e quatro para transformar-me súbita em outdoor coloridíssimo, tão escandaloso e desesperadamente imenso que jamais caberia em quarto ou membro algum de qualquer homem. E quando despida e solitária em minha rendada furna investigo fatigada as novas marcas que o dia passado lavrou inclemente em meu rosto, tenho tido frêmitos próximos da dor, e quando me lanço sobre os lençóis acetinados do leito inutilmente perfumado, sinto que minhas ardências ameaçam arrebentar o negro négligé, e quando por malícia ou enfado cedo a algum caçador menor, suas estocadas já não despertam meu distraído prazer, perdido x inlocalizável até para mim mesma que o dispus no mapa, meu corpo enregelado agora abriga outro delírios, enquanto sob meus louros cabelos de raízes implacável e semanalmente descoloridas desfilam inconfessáveis fantasias com esse Grande Descobridor, cuja proximidade adivinho num eriçamento tal que nunca sei se será pressentimento ou puro engano. Por vezes raras, num misto de temor e júbilo, julgo escutar a ruído dos ramos secos sob a janela esmagados por suas negras botas reluzentes, enquanto se aproxima entre folhagens, e pelas madrugadas ardidas me engano supondo divisar nas sombras a massa escura e áspera da barba que lanhará meus seios intumesciods de desejo. É quando odeio a cigana por ter me enlouquecido assim, e custo a dormir, enredada em ódio, os dedos arquitetando delícias imaginárias nos lábios mais recônditos, mas na manhã seguinte não deixo de considerar o noturno coquetel de cada dia e então escovando cem vezes meus louros cabelos, sempre penso que pode ser Hoje. Escolho com cuidado os tules, as pedras, os organdis, os brilhos e brincos, e é tão luminosa e devastadora que enfrento o dia nascente que, apesar das sombras da madrugada, a cada nova manhã os que me vêem passar soberba e apocalíptica, pisando ereta no topo dos saltos, devem pensar qualquer coisa assim: lá vai uma loura trintona e gostosa, ao certeiro encontro de seu Grande Descobridor.

sexta-feira, março 04, 2005

Se alguém precisar de mim

Estarei lá, no fundo do poço, vendo filmes tristes, comendo chocolate e chorando pelo leite derramado.
Não tentem me enganar, eu sei que vocês também sabem onde é.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Enfim, atualizando

Esperamos sinceramente que os posts sejam mais frequentes a partir da chegada do meu Speedy, que se Deus quiser ocorrerá nessa semana.
Isso se eu não desistir do blog até lá.

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Como assim, fadiga muscular no maxilar? Plaquinha pra dormir? Será possível que eu tenho que somatizar tudo, Deus do céu?

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Gente, o que é esse Noitão do HSBC???
Pessoas alternativas do mundo alternativo do alternativo, assistindo filmes alternativos num horário muito mais que alternativo. Pior que eu adorei!
Principalmente por O Massacre da Serra Elétrica, que é um terror tão mas tão ruim que chega a ser uma das melhores comédias que eu vi nos últimos tempos.
Ah, e fujam no novo filme do Robin Willians. Mas fujam com toda a força de suas pernas.

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Quando crescer, eu quero ser atriz de filme falado em espanhol. Daqueles bem tristes, com trilhas sonoras bonitas e cenários legais. Pode ser um Almodóvar, que eu não ligo. Minhas chances com ele, aliás, são altas, afinal sou nariguda, e isso já é meio caminho andado.

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Sorvete de creme com cobertura de Nutella é minha nova comida oficial para dias de fossa.
Porque não basta sofrer, tem que sofrer com chocolate.

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MOSTRA NOVÍSSIMOS DIRETORES LANÇAM SUAS CERTEZAS?
Quando as máquinas param, de Plínio Marcos
Direção de Diego José Villar
com Fábio Fonseca e Lumi Abe
TUSP- R. Maria Antônia, 294
de 24/02 a 06/03/05
quinta a sábado as 21h
domingos as 19h
Grátis

Meu amigo, gente, que lindo que ele é! Que orgulho!



quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Frases desconexas

( totalmente a ver com o momento. Ou não )

" O tempo cura todas as feridas. A não ser que você fique arrancando as cascas". Eu ouvi isso, por incrível que pareça, num jogral de criancinhas toscas no Dia das Mâes. Achei profundo. Não é lá muito profundo, é verdade, mas dentro do contexto apresentado, tentem dar um braço a torcer.
O fato é que a gente acha que esquece e não esquece. Não que eu queira esquecer ( isso se consideramos 'esquecer' como ' retirar completamente de sua vida, sem deixar vestígios' ), mas só aprender a conviver e tocar pra frente já seria uma ótima. E é péssimo quando você percebe que não aprendeu. E pior ainda quando percebe que os outros aprenderam. É sádico, mas há momentos na vida em que tudo que você quer é saber que certo alguém sofre tanto quanto você. Não que eu ande querendo passar a perna nos outros. Ao menos não mais do que o normal. Mas, puxa, se você demonstrasse fraqueza... minha vida seria um pouco mais feliz.
De vez em quando é bom chorar, chorar de se acabar, guardar alguns dias, horas, meses, sei lá quanto tempo ( lá estamos nós no maldito remédio de todos os males ) de luto, pra então renascer. Fazia muito tempo que eu não chorava. Especialmente por isso. Especialmente assim, encolhida no chão e deixando a baba escorrer. Aquela coisa nojenta, depressiva e que já foi mais comum na minha vida. E indo tomar banho pra ver se a energia ruim vai embora. E ficar escrevendo nomes e desenhando coisas no box do banheiro. Como se fosse resolver alguma coisa. Há tempos também eu não escrevia por aqui. Pelo menos nada de útil. Agora já paguei minha dívida. Chorei e registrei nesse maldito blog, mais uma das concretas provas de que privacidade é coisa do passado.
Passado é uma coisa que tem me incomodado. É duro quando você descobre que depende muito mais dele do que acreditava. Remoer, remoer, remoer. Refazer, repensar, relembrar, recordar, remoer, remoer. O tempo não volta atrás. Pois é, mas arrependimento é um bichinho que persegue. Pelo menos o que resolveu me perseguir. É bem insistente. Deve ser ariano, ou coisa do gênero. Difícil é largar aquilo que fez parte da sua vida por tanto tempo. Tenha sido bom ou ruim, o fato é que fica. De tempos e tempos a memória acaba vindo à tona. Ciclo. É como, sei lá, menstruação. Pior que quando não vem a gente tende a ficar ainda mais preocupada.
Dou graças a Deus, às vezes, e repito, só às vezes, porque não estou muito certa de isso ser realmente uma vantagem, de não beber, fumar ou coisas do tipo, porque não sei muito bem o resultado se o um litro de chá fosse substituído por um litro de vodka. Consequências desastrosas. Mesmo porque recordações amorosas amargas somadas à perda da sobriedade não costumam gerar bons resultados. O fato é que juntar Closer + Caio Fernando Abreu + Roberto Carlos + encontros inesperados já é destrutivo e depressivo o suficiente. Só faltou a cocaína. Que eu não uso, graças a Deus.
Mas amanhã eu tenho uma peça pra ensaiar, uma consulta pra pagar, muitos projetos pra serem feitos, e eu não posso mais ficar aqui a esperar que um dia de repente você volte para mim, só pra citar o Rei, que ninguém é de ferro. "Amor não devia rimar com dor" eu também ouvi hoje, em outro comentário extremamente pseudo-profundo, levando-se em conta que em dias de crise qualquer coisa piegas que você ouve é profunda ( E viva a filosofia de boteco! ). E respondi, num momento ainda mais piegas, ainda mais considerando-se que foi envolto em soluços, lágrimas e afins, que rima não só com dor, mas também com temor, e com horror, torpor, calor, elevador, computador, como eu pensaria depois, só para tornar o texto ainda mais desconexo.
E o tempo passou, e as coisas mudaram, as pessoas tocaram a vida pra frente e eu, quem diria, acabei ficando pra trás. Eu que sempre quero ser a primeira da turma. Ironia do destino, não? Outra coisa pra refletir mais tarde, ironias do destino. Acho que eu já andei dizendo por aqui que a vida é um eterno cuspir pro alto e sentir cair na testa, não? Chega de filosofia furada e vamos a um dos motivos da madrugada depressiva em plena quarta-feira de cinzas. Ao menos, eu escolhi um dia bastante adequado pra me arrepender...

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Nem mesmo você pode entender
Porque tanto amor me prende a você
A própria razão já me fez pensar
Que por toda a vida eu vou te amar

Ainda que eu passe
A vida inteira dizendo que não
Você continua
A todo momento em meu coração

MAs se eu pudesse me libertar
E te esquecer, eu queria um amor
Mas não adianta nem pensar
Porque o amor que eu quero
E que tanto espero
É igual a você

Nem mesmo você pode entender
Nem mesmo você pode entender
Nem mesmo você pode entender

Gravada, é claro, pelo grande Roberto Carlos, no tempo em que ele tinha mais cabelo e todos eram pretos. E aguentem, que eu ainda vou comprar os outros CDs e completar a coleção com todo o dinheiro que eu vou ganhar fazendo teatro que essa é minha verdadeira preocupação esse ano.

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A propósito, a Estação Ciência finalmente me pagou. Pela única vez na vida, que depois dos pitis eu não serei contratada nunca mais. Mas outros empregos e amores virão...