domingo, julho 31, 2005

Por dentro

Lá a coisa é sempre muito grande. E eu tenho medo. Tenho medo do exagero porque sei que ele é naturalmente parte de mim. Deus, porque Diabos eu fui nascer em março? E então os amores são grandes, o medo é grande, a dor é grande, a impaciência é grande, a insegurança é grande, tudo devidamente elevado a sei lá que potência, e não que essa grandeza sempre chegue ao mundo exterior, mas estamos falando daquilo que acontece aqui dentro, ok?
E sei lá que barreiras são essas que eu me imponho pra não deixar que as coisas grandes cheguem do lado de fora. Eu tenho descoberto muitas delas, e fico sempre muito feliz até perceber que elas me parecem grandes demais para que eu consiga ultrapassá-las. Eu não me sinto capaz de vencer meus instintos, nem minhas tendências auto-destrutivas, minha educação, meus valores ultrapassados, meus vícios, meus traumas. Eles estão todos aqui. Eu nem sei se todo mundo percebe. Eu sempre me preocupei em esconde-los tão bem...
Eu queria que minha vida fosse um livro aberto. Que as pessoas olhassem pra mim e soubessem exatamente o que eu estou sentindo. Pra eu não ter que me dar ao trabalho de falar sobre, coisa que eu nunca soube fazer. Vai ver foi por isso que um dia eu resolvi que ia ser atriz. Pras coisas ficarem mais claras. Não sei se deu muito certo, já que eu sou tudo aquilo que uma atriz não deveria ser. O que me salva é que eu psicossomatizo.
Eu não me expresso, eu transbordo. Falar as coisas pra mim não é um elemento comum da relação entre dois ou mais seres humanos. Falar pra mim é explosão, é deixar que tudo aquilo que não encontra mais seu lugar dentro alcance o lado de fora. É alívio, puro alívio. Por isso que as coisas só vem à tona quando atingem o limite, quando eu não suporto mais, e aí sim: Crise, esse é o Mundo. Mundo, essa é a Crise. Então eles que se virem sozinhos, que a minha parte eu já fiz. E eu não queria estar no lugar do Mundo nesses momentos...
Por hora, tudo no meio termo por aqui. Comigo muita coisa remexendo, remoendo, misturando, querendo conhecer a vida. E eu como boa mãe superprotetora não sei se devo deixar. Pra que, meu Deus, tanto e mais sofrimento? Pra ser remoído mais um pouco, pra virar material de construção pra mais uma barreira a me separar de quem eu amo?
Eu tô tentando fugir, e me esconder. Mas quando eu mesma descubro os meus esconderijos, ai, fica tão mais difícil...

terça-feira, julho 26, 2005

Cem Anos de Solidão

AcabeiÉ issoMeu PT2FechouPontoTranscendi.

Até em Brotas!

Sim, senhores, em Brotas também tem uma rua Quintino Bocaiuva.
Assim como em São Paulo, em Londrina, em São José dos Campos, etc, etc.
Eu sempre quis saber. E agora eu sei.

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E essa vida que eu quero pra mim.
Viajar com espetáculo, ficar em hotel, sem ter que se dar ao trabalho nem de arrumar a cama, com um puta café da manhã, piscina, refeições de graça e transporte também. Aí você trabalha umas duas horinhas e tá valendo. No resto do tempo você dá risada, dorme, e toma sorvete na pracinha do centro da cidade. Copo com três bolas e cobertura, dois reais. Viva as sorveterias do interior.

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Viva a permuta no Luna de Capri!!! Viva!!!!

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E vá você também assistir Em Transporte e tente descobrir quem sou eu.

quinta-feira, julho 21, 2005

Pintar, vestir, virar uma aguardente...


Eu tenho um sonho. De que um dia todas as pessoas que trabalham com teatro no mundo serão apresentadas à ética. E então todos nós, atores, poderemos trabalhar felizes, receberemos nossos cachês por inteiro, sem saia justa, sem injustiça, com contrato assinado, e sem briguinha de ego. Ninguém mais vai ter amnésia, esquecer de seus compromissos e lembrar, assim, sem mais, de um dia pra outro, que tem direito a um cachê e uma participação em apresentações mesmo sem ensaiar. Todas as pessoas serão sensatas, terão bom-senso, e terão relógio. Saberão diferenciar 9h de 10:45h. E lidarão com o dinheiro sem estragar suas relações com as outras pessoas. E eu vou saber como exigir os meus direitos quando necessário e mandar alguém tomar no cú quando merecido, mesmo que eu seja a única a ter uma opinião diferente, e ainda mais se a minha opinião for a que parecer mais justa. E nesse dia, quando todos que trabalham com teatro tiverem consciência de que teatro é um trabalho, acho que eu poderei voltar a ser a menina empolgada que aceita de pronto convites pra ser stand-in feitos num domingo de manhã, sem levar em conta todos os comentários feitos anteriormente sobre a irresponsabilidade dos integrantes do grupo. Mas talvez antes desse dia, chegue um outro dia em que eu serei recompensada pelo meu esforço e as pessoas ainda estarão na ignorância, cozinhando ovo na panela de pressão, esperando Speedy e acreditando que faltas e atrasos não são motivos pra se pedir desculpas. O meu caminho está traçado! Não faço gosto em voltar!

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Frases fantásticas

" Gente, não é pelo dinheiro, não, é pelo que o trabalho do grupo representa pra mim. Eu não acho justo receber tão pouco..."

" Não estou faltando por opção, deu um problema na agenda"

" Fudido por fudido, fudido e meio"

E o bonus-track, que não tem a ver com essa estória, mas tem muito a ver com essa estória:

" Não pensem que estou saindo porque eu encontrei um outro grupo, maravilhoso, com um trabalho fantástico. Estou saindo para ficar em casa mesmo"

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EM TRANSPORTE

Com Carolina de Biagi, Fernanda Gama, Rafael Truffaut, Telma Helena, Tiago Luz

Direção: Diego José Villar

Teatro Laboratório da ECA/USP - Sala Miroel Silveira
(Av. Prof. Luciano Gualberto, Travessa J, Cid. Universitária)
De 23de julho a 07 de agosto
Sábados as 19h e domingos as 18h
ENTRADA FRANCA

domingo, julho 17, 2005

Arena conta Sua Vida

Definitivamente, só tem 15 pessoas no mundo!
Por isso você vai encontrá-las diversas vezes em diversas situações de diversas maneiras na sua vida.
Porque elas leram Boal e trabalham no Sistema Coringa. É isso!

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E a pandeguice da semana é a capa da Veja SP:

NAS GARRAS DO LEÃO
Acusada de sonegação fiscal e importação fraudulenta, a superloja de luxo Daslu vira o novo alvo da Polícia Federal
E a foto da proprietária da Daslu, toda chique, apoiada em uma das estátuas de leão que tem na loja.
Eles não são ótimos???


sexta-feira, julho 08, 2005

Pseudo-férias

Pseudo-férias. sm. Ato ou efeito de continuar ensaiando, lendo, estudando, fazendo entrevistas, decorando texto, mandando currículo, indo pra USP diariamente, acordando cedo, porém sem manter nenhuma atividade remunerada devido às férias escolares.

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Ontem fiz uma biópsia de agulha grossa ( acreditem, era MUITO grossa) orientada por ultrasonografia de um nódulo da mama esquerda. Segundo pesquisas feitas pela minha mãe, o exame custaria 650 reais se eu não tivesse convênio. Isso me fez pensar o quanto estão na merda as pessoas que não tem convênio. Será que o SUS faz biópsias de agulha grossa orientadas por ultrasonografia? Desigualdades sociais à parte, meu seio esquerdo passa bem, apesar de um curativo de Micropore e um furinho vermelho que eu espero que suma logo ou minha vaidade ficará realmente muito abalada.

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A propósito, estou digitando tudo isso do setor de contabilidade do escritório da minha mãe. Estou aqui há dez minutos, tempo suficiente para ter certeza de que não quero trabalhar em escritório nunca na minha vida.

domingo, julho 03, 2005

Ao Caio retornarás...

Ao som de Erik Satie.

" Dizque se você só planta uma espécie de coisa na terra por muitos anos, ela acaba morrendo. A terra, não a coisa plantada, entende? (...) Depois aos poucos vira deserto. Vão ficando uns pontos assim. Vazios, entende? Desérticos. Espalhados por toda a terra. (...) Assim como se você pingasse uma porção de gotas de tinta num mata-borrão. Eles vão se espalhando cada vez mais. Acabam se encontrando uns com os outros um dia, entende. O deserto fica maior. Fica cada vez maior. Os desertos não param nunca de crescer, sabia? "
Pela Passagem de uma Grande Dor