terça-feira, maio 30, 2006

É muita humilhação...!

- Tecelagem XXXX, boa tarde!
- Boa tarde, gostaria de falar com o Sr. XXXXX, por favor.
- Quem gostaria?
- Fernanda, produtora do Teatro de Auto-Ajuda.
- Só um instante. (fora do telefone, provavelmente cobrindo o bocal com a mão) Oh, XXXXXX, é a menina lá do tafetá...
Ai, ai, quanta consideração, hein...
Obrigado por ligar para a XXXXX Tecidos. Trabalhamos com os mais diversos tipos de materiair e bla bla bla bla...
- Alô! XXXX falando.
- Olá, Sr. XXXXX, aqui é sobre o espetáculo de teatro e...
- Ah, me explica essa história de teatro que eu não entendi direito...
- Então, nós somos um grupo de teatro e ( contar todo o histórico do grupo, contar sobre a peça, contar sobre o teatro...)
- Ah, esse teatro é lá onde era uma concessionário de carro, né? Em frente ao cemitério, né?
- Isso, Sr XXXXX. É lá mesmo.
- Ah, eu posso dar o tecido pra vocês, sim. Eu tenho aqui. Mas é de segunda mão e tem pequenos defeitos.
- Segunda?
- Isso. Com pequenos defeitos.
- Pequenos defeitos?
- Isso. Mas eu posso dar pra vocês, sim. Sem custo nenhum. Depois você me dá um ingresso aí pra peça e tudo bem.
- Sem custo?
- Sem custo, sem custo.
- Ah, tudo bem, então, Sr. XXXX, me confirma seu endereço e eu vou até aí ver como é o tecido, e...
- Mas, me diz uma coisa, esse teatro não tem a ver com aqueles coisas de sexo, não, né?
Mereço...

sexta-feira, maio 26, 2006

O Cúmulo...

Ontem eu cheguei tão tarde em casa que a banca de açaí 24 horas da rua de baixo estava fechada...

quarta-feira, maio 17, 2006

Joaquim Teixeira

( 26.04.1925- 16.05.2006 )

Imagino sêo Quim entrando no céu...
- Dá licença, sêo Pedro!
E São Pedro bonachão:
- Entra, véio Quim. Você não precisa pedir licença.
- Sêo Pedro...
- Pois não, véio Quim...
- Cê sabe a diferença entre a padaria e a lagoa?

domingo, maio 14, 2006

Nhô Quim

O senhor Quim tem 81 anos. O senhor Quim mora num condomínio residencial em Salto. Mas há dez dias que ele não está em casa.
Senhor Quim está vivendo no Hospital da Unimed em Salto. Ele teve pneumonia. Mas ele também tem mal de Alzheimer. Alguns médicos dizem que o problema é falta de vitamina B no cérebro, e tudo isso porque o seu Quim é ex alcóolatra. Mas seja o que for, piorou com a crise. E se o senhor Quim ingerir qualquer alimento, esse alimento pode ir parar no pulmão, porque ele perdeu o controle sobre a glote. Ele já tinha perdido o controle sobre a fala. Sobre os movimentos da perna. Ele usava fraldas. Ele tinha uma enfermeira. E ainda assim ele dava bom dia e dizia "Ah, já?" quando alguém lhe dizia que ia embora. Mas agora, ele só se alimenta por via venosa. E tosse, tosse, tosse.
Senhor Quim teve febre essa noite. Ele tem febre todas as noites. E todo dia os médicos aplicam um antibiótico diferente. O organismo de seu Quim já não consegue lidar muito bem com tudo isso. O sistema imunológico dele é fraco. Ele tem só um rim. Ele sofre de insuficiência cardíaca. Apenas um pulmão funcionava quando ele deu entrada no Hospital. Senhor Quim passou uma semana na U.T.I. Agora foi para o quarto, mas continua respirando por aparelhos, e tendo febre.
Dizem que o corpo de seu Quim está inchado.
Seu Quim é casado com dona Olga. Dona Olga é uma mulher forte. Dona Olga sempre foi uma mulher forte. Mas chorou de medo quando viu seu Quim daquele jeito. Ela evitou ir ao Hospital por dez dias seguidos porque não queria vê-lo assim. E ficou com medo de que as filhas achassem que era porque ela não gostava mais dele. Mas era porque ela esperava que ele fosse logo pra casa. Então os médicos disseram que a família não deve ficar esperançosa. E aí dona Olga foi ao Hospital. E dona Olga chorou. A neta de dona Olga chorou sozinha quando soube porque em 23 anos não havia em sua cabeça nenhuma imagem da avó chorando.
As filhas de seu Quim revezam-se em turnos para ficar com o pai no quarto do Hospital. Os netos não vão ao Hospital. Alguns porque são pequenos demais e não sabem o que é pneumonia. Alguns porque são grandes demais e sabem o que uma pneumonia pode significar pra quem tem mais de 80 anos. Alguns moram em São Paulo, outros moram longe. Uma delas liga diariamente, após o boletim hospitalar das nove da manhã, e após o boletim hospitalar das nove da noite, e chora com a mãe ao telefone porque acha que o avô está indo embora.
Outra neta de seu Quim às vezes pensa que seria melhor se ele fosse. Ela nao quer ver o avô grudado em uma cama. Ela se lembra de o avô colocá-la no colo e perguntar qual era a diferença entre a padaria e a lagoa. E depois ele mesmo respondia que na padaria assa pão, e na lagoa há sapinho. E ela ria. Há muito tempo que o avô não lembra o nome dela. Há muito que ele nem a reconhece. Nem ninguém mais. Ela não quer ser egoísta. Ela pensa no sofrimento dele. E ela se sente culpada porque pensa assim.
Ela também tem medo. De imaginar a casa sem ele. De imaginar a dona Olga sem ele. Porque há pouco tempo ela descobriu que as coisas mudam, que as pessoas morrem, e que isso não acontece só na família dos outros. E embora ela soubesse que isso poderia acontecer ela agora não se sente preparada para chegar em Salto e não ver ninguém na poltrona da sala. Nunca mais. E então, de noite ela reza pra que Deus resolva tudo e dê forças pra ela aceitar seja o que for que ele decida. Ela na verdade nem tem muito mais esperança. Ela só espera.

sábado, maio 13, 2006

Seis palavras do dia

POR QUE EU FAÇO ISSO COMIGO???

quinta-feira, maio 11, 2006

Querido Diário,

Quinta-feira comum. Nada fora da rotina.
Acordei. Café da manhã. Dei aula. Não tinha luz no colégio inteiro, três crianças choraram e uma jogou um dos fantoche pela janela- que por sua vez está em cima do telhado vizinho fora de qualquer possibilidade de salvação. Fui para a terapia. Tema: Família. Almocei. Dirigi e meu joelho doeu. Fui para o Pilates. Desejei a morte de: Glória Gutierrez, Sigmund Freud, M. E. (09 anos), São Pedro, a moça do estúdio que vai pra Buenos Aires semana que vem, o professor que é alongado, bom profissional e um gostoso, um cara que eu vi no metrô Anhangabáu, todas as pessoas que não me escreveram scraps. Tomei mate com leite. Peguei chuva. Vi que a empregada tinha jogado fora o que seria minha janta. Comi um lanche. Soube que meu avô ainda está na U.T.I. Digitei coisas pra projetos. Recebi não de projetos já enviados.
Parece-me que tudo está correndo normalmente.
Isso é tudo,
Fernanda

domingo, maio 07, 2006

Bateu tristeza...

"Vivemos nossas vidas, fazemos nossas coisas, depois dormimos - é simples assim, comum assim. Alguns se atiram da janela, outros se afogam, tomam pílulas; muitos mais morrem em algum acidente; e a maioria de nós, a grande maioria, é devorada por alguma doença ou, quando temos muita sorte, pelo próprio tempo. Existe apenas isto como consolo: uma hora, em um momento ou outro, quando, apesar dos pesares de todos, a vida parece explodir e nos dar tudo o que havíamos imaginado, ainda que qualquer um, exceto as crianças (e talvez até elas), saiba que a essa seguir-se-ão inevitavelmente muitas outras horas, bem mais penosas e difíceis. Mesmo assim gostamos da cidade, da manhã, e torcemos, como não fazemos por nenhuma outra coisa, para que haja mais."

quinta-feira, maio 04, 2006

VACA!

Porque não basta ter que acordar cedo, sair de casa sem tomar café e ir morrendo de fome até o laborátório.
Não basta ter que aguentar meu pai cantarolando e andando de um lado pro outro na sala de espera ansioso e preocupado porque tá demorando e ele tem que voltar logo pra casa pra abrir a porta pra empregada (!!!!??????????)
Não basta ter que pedir pra fazer a coleta de sangue deitada porque você sabe que se não fizer isso você vai desmaiar assim que ela enfiar a porra da agulha na sua veia.
Não, não basta.
Você precisa pegar uma.. sei lá, enfermeira, atendente, biomédica, coletadora, sanguessuga, sabe Deus qual o raio da profissão dessa mulher, mas ela tem que ser bem tosca, pra pegar errado a veia no seu braço, o sangue não vir e ela ter que furar também o outro braço.
Não basta ela fazer isso, ela ainda tem que ser mais e mais tosca a ponto de dizer -O sangue não está vindo, vou ter que pegar outra veia, só pro meu pai ser ridículo o suficiente pra dizer -Ah, vai ver que é porque ela fica nervosa, aí dá problema. Sério, pai? Nossa, muito obrigado por me lembrar que eu tenho problemas com exame de sangue justamente no momento em que eu estou fazendo um!
- Olha, só, Fernanda, só porque você passa mal, vou ter que picar seu braço duas vezes... - Mesmo, sua Vaca Filha da Puta? Então por que você não volta pro chiqueiro de onde você veio e aprende a fazer seu trabalho direito?? Vagabunda!!!!
Só pra finalizar a máquina de café expresso do laboratório tava com problema e meu café saiu aguado. Ainda bati a mão na hora de vestir o casaco e quebrei a unha. Só falta agora o resultado não sair no dia ou eles perderem a amostra. Porque não basta você ter vertigem quando enfiam coisas na sua veia, você precisa fazer isso no 11º andar de frente pra janela de vidro vendo de cima todos os prédios do Tatuapé. Ora, vá tomar no cu, viu!!!!
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Contrato assinado.
Pronto, agora não tem mais volta.
E como diz o Rafa, as primeiras vezes vão ficando cada vez mais raras.
Agora, com licença, que eu vou até o Poupatempo dar entrada no meu seguro-desemprego.

segunda-feira, maio 01, 2006

Acabou

Acabou nossa temporada de super sucesso no TUSP, espero que ela realmente renda as novas apresentações que ela promete, espero que o VAI seja realmente maravilhoso e a gente possa comprar sapatilha de ponta e maquiagem e tecido pra figurinos novos.
E o mais importante: nós conhecemos M.C.
Sim, sim, já é o primeiro sinal do 18 de maio que está chegando.
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E a outra vaca me deixou com vontade ir em Motel. Droga.
Aliás, depois de muita pesquisa internética lembrei que ainda quero conhecer o Farao's. É brega demais pra ser verdade, meu Deus! Preciso ver isso ao vivo!
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E agora, começa o ano de 2006-c.
Esquisito mas essa é realmente a sensação. Depois da primeira parte de ensaios diários do Dark e antes de começarem as aulas, a segunda parte de produção, Compostela e temporada no TUSP, agora iniciamos a fase projetos inéditos.
Medo!
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E homenageando a temporada que acabou, musiquinha:
I know you
I walked with you once upon a dream.
I know you
The gleam in your eyes is so familiar a gleam
Yes, I know it's true
that visions are seldom all they seem
But if I know you,
I know what you'll do
You'll love me at once
the way you did once upon a dream