sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Dermatologista ontem.
Joguei um: "Estou pra completar 29 anos. Já devo começar um tratamento anti-sinais?"
Esperei um "Imagina, você ainda é jovem e sua pele está ótima".
Ouvi um "Vou te deixar umas amostras grátis".
Um creme pra manhã e um pra noite.
Próximo passo: usar maiô.

Ex:

Não são poucas as pessoas que fazem parte da minha lista de já invejados. Cujas vidas eu fucei nas redes sociais só pra ter certeza de que eram mais felizes do que eu.
Não são poucas, mesmo.
E de todas guardo certa mágoa, e uma filosofia barata de boteco em que acredito fielmente - embora não faça o menor sentido - me obriga a entender que a felicidade delas será sempre a minha infelicidade.
Podemos chamar esse sentimento de rancor de ex - facilitará, talvez, o entendimento.
E então passo os meus dias tecendo planos de sucesso que não visam a minha felicidade - não, senhores, não é com isso que estou preocupada, estou preocupada em provar pra eles que no fim das contas, vejam bem, eu venci.
E não tente defendê-los dizendo que nunca me fizeram nada - eles fizeram - me ofenderam - desfilaram sua felicidade - provavelmente uma felicidade fingida - sim, mas e daí?
A gente pode perdoar qualquer coisa, só não pode perdoar a felicidade alheia.
E não pode ser feliz se não tiver alguém pra esfregar na cara.
Vai ver é isso que o poeta disse quando disse que "é impossível ser feliz sozinho"...

quarta-feira, fevereiro 15, 2012

Parece que enfim chegou o momento em que fazer teatro se tornou um prazer pra mim.Oi? Antes não era?
Não, não era. Antes era um vício, quase um desespero. Me dava uma alegria imensa - e muito mais quando acabava. O nervosismo, o medo, a vergonha, sei lá que outros fatores faziam do estar em cena um desespero. Desespero agradável, mas ainda assim, um desespero.
Agora o estar em cena é mais confortável. Não tanto que dê preguiça de fazer, claro - mas eu já consigo respirar, olhar, escutar, sem me sentir como se estivesse na rua, escura, de madrugada, uma maleta com cem mil doláres nas mãos.
Engraçado pensar que essa sensação vem depois de muito trabalho - especialmente depois de muito trabalho ruim. Depois da fazer coisas que eu não gostava de fazer. Porque o mundo não vai acabar ali, em cima do palco, nem será essa a última vez que você vai subir nele. Não tem por quê essa sensação de vamos-aproveitar-esse-momento-como-se-fosse-o-último-porque-pode-ser-que-seja-o-último-mesmo.
Não será, amigos. Não será. Cada vez mais essa certeza: não será.
Cada vez mais vontade de comemorar cada momento feliz que eu passo em cima do palco.
Passem lá no Cacilda Becker pra ver se é só da boca pra fora tudo isso. Vai saber...


domingo, fevereiro 05, 2012

Abro a janela, ensaio escrever alguma coisa, fecho a janela.
Fico pensando quantos textos bons poderiam ter se tornado realidade pelos meus dedos, mas não - meus dedos estavam ocupados demais - meu cérebro é relapso demais pra guardar os textos sozinho - e ele também não anda lá muito sossegado.
Declarei aberta a temporada de organização - gavetas, documentos, prateleiras, roupas pra doar, papéis pro lixo, embalagens vazias, remédios vencidos. Não vai acabar nunca. Vou renovar as doenças também, as preocupações, as turmas da escola, o plano da academia, o contrato do seguro e as inseguranças.
Contrata pintor, escolhe cor de tinta, faz orçamento de armário pra cozinha, procura estacionamento 24 horas com plano mensal, tira móvel do lugar - não sobra tempo pra admitir que, no fundo, estou morrendo de medo. Mas não tem problema - o medo sempre esteve comigo, e isso nunca quis dizer nada. A expectativa está comigo também, e acreditem: ela é das melhores.
Abro a janela - a do apartamento - o outro - já sem cortinas - novos ares entram.
Que entrem e fiquem à vontade.